Pedro Henrique Saraiva Leão (*)
É um neologismo (palavra nova) cunhado por mim em 1996.
Significa terapêutica, terapia, tratamento pela literatura. Cura ou alivia,
como a fisioterapia, embora exercitando não a musculatura, mas o intelecto, a
cortiça cerebral. Método indolor, agradável, sua aplicação exige apenas um
livro e um leitor.
Àquela data foi título de uma das antologias da
Sobrames-CE (Sociedade Brasileira de Médicos Escritores), a seguir de sua
revista, tornando-se, há 3 números, “uma revista de escritores cearenses”.
Atenta à importância da leitura, a Unimed Fortaleza já
promoveu dois concorridos cursos de Literatura para Médicos: UnimedLits, 8/2011
e 8/2012. Brevemente estará funcionando na sua sede a Blume – Biblioteca Unimed
de Médicos Escritores. Denominada “Biblioteca Airton Monte”, colega
médico/escritor há pouco falecido, e um dos três mais recentes festejados
cronistas de Fortaleza.
Michel Eyquem de Montaigne (1533–1592) – criador do
gênero ensaio em literatura, afirmou ser o livro a melhor provisão (...) para
esta humana viagem. Mesmo para as viagens menores, aí estão as gares (estações
ferroviárias), os embarcadouros e os aeroportos abrigam livrarias, onde os
passageiros encontram os melhores acompanhantes, os livros.
O carioca Mariano Pereira da Fonseca (1773-1848), Marquês
de Maricá, quase médico, famoso por suas máximas, e talvez o primeiro moralista
do Brasil, assegurava ser a companhia dos livros mais vantajosa do que a dos
homens. Para o poeta gaúcho Mario Quintana, lendo estamos a sós, embora acompanhados.
Segundo Thomas Carlyle (1795-1881), historiador e
ensaísta escocês, “a verdadeira universidade (...) é uma coleção de livros”.
Ler é a melhor distração, superior ao baralho, à TV, aos
vídeos, até ao sexo, pois o livro está sempre disponível, nunca tem enxaqueca.
Nasci ente livros, e estantes compunham várias das paredes da minha casa. Além
da costumaz (contumaz, habitual) leitura, mais até aprecio reler, e a cada três
anos revisito Machado de Assis e Eça de Queiroz. Carece reler os fundadores da
Literatura ocidental: Homero, Dante, Shakespeare, Cervantes. Várias vezes
voltei ao “Brave New World”, de Aldous Huxley (1932), à “of Humam Bondage”
(“Servidão Humana”) do médico/ecritor inglês Somerset Maugham, “Le Petit
Prince”, e tantoutros quetais.
Nosso Rui d’Hã, Enoch Villalobos, Nero de Tal (entre
inúmeros pseudônimos) José Bento Monteiro Lobato (1882-1948) sustentava que um
país se faz com homens e com livros.
É triste constatar que Fortaleza ostenta o 3º menor
índice de leitura no Brasil. (“O POVO”, 25/1; 6, 7, 8/2/2013). Há muito, no
nosso colégio marista um colega, amigo – hoje empresário, riquíssimo –
confessou-me nunca ter lido um livro!
Curiosamente, aquele mesmo inglês Huxley afirmava:
“ignorance is insensible bliss” (felicidade).
Preferimos ser menos ditosos (felizes), mas ruminar o
fértil alimento que nos fornecem os livros. Antes da sua destruição pelo fogo,
a umidade, os cupins, e as viúvas.
(*)
Médico e secretário geral da Academia Cearense de Letras.
Fonte: O Povo,
Opinião, de 27/02/2013.
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