José
Luciano Sidney Marques
"Mozart teve a
carreira pontilhada de altos e baixos por compartilhar o prazer de jogar com o
prazer da boemia"
A escassa literatura sobre o
futebol cearense está enriquecida com o lançamento do livro “Mozart - Uma
trajetória inquieta no futebol”, do escritor Saraiva Júnior. Trata-se de uma
biografia do extraordinário jogador e maior ídolo do Fortaleza Esporte Clube. O
autor é conhecido por suas crônicas publicadas nos jornais O POVO e
Diário do Nordeste, além do livro “O olhar dos humilhados”, entre outros. Com a
leveza de sua pena e a perspicácia do pesquisador, ele nos brinda agora com um
livro de narrativa intensa, minuciosa, bem humorada e abrangente sobre a
trajetória daquele que, para muitos, foi o maior jogador do futebol cearense de
todos os tempos.
O autor desvenda lances da vida
profissional e extracampo do craque. Mozart teve a carreira pontilhada de altos
e baixos por compartilhar o prazer de jogar com o prazer da boemia. Ao longo da
história, o escritor apresenta o contexto político, econômico, social e
cultural que predominou no decurso da carreira do desportista.
As peripécias do craque têm
início em 1949, quando, ainda menino, foi protagonista de uma cena inusitada
por ocasião do jogo Fortaleza e Vasco da Gama. O pequeno Mozart, com
aproximadamente nove anos, silenciou o Presidente Vargas ao adentrar o gramado
com uma bola embaixo do braço, colocá-la na marca do pênalti e, com pose de
jogador profissional, chutar no ângulo esquerdo, fora do alcance do famoso
goleiro Barbosa, titular da seleção brasileira. O fato fez vibrar a numerosa
torcida ali presente.
Sua notável trajetória
futebolística se estende do dourado 1956, quando assinou o primeiro contrato
com o Fortaleza Esporte Clube, ao plúmbeo 1971, após receber a contragosto o
conselho do treinador Carlos Castilho para que encerasse a carreira de jogador
enquanto estava “por cima”.
Teve excelente passagem pelo
Clube Náutico Capibaribe, em que foi vice-artilheiro em 1957; algumas boas
atuações pelo Fluminense Futebol Clube, do Rio de Janeiro, em 1958; grande
participação na seleção cearense de 1962; notável desempenho no América
Football Club, de Fortaleza, em 1964, e no Fortaleza Esporte Clube, onde se
sagrou campeão em 1965 e 1969; destacada atuação na Taça do Brasil em 1969,
pelo Fortaleza, em que se tornou vice-campeão. Todavia, o lado boêmio do atleta
o castigou, quando pertencia ao Fluminense, não permitindo que alçasse voos
mais altos.
Diante de uma história marcante
e de uma identidade tão intensa com o time leonino, a família tricolor está na
obrigação de erguer um busto na sede administrativa do clube, para que a
memória de Mozart seja reverenciada pelas futuras gerações de torcedores
leoninos. Assim tem feito o talentoso escritor Saraiva Júnior, ao registrar a
história dessa figura inesquecível, com o livro Mozart - Uma trajetória
inquieta no futebol.
(*)Médico formado
em 1977 pela UFC
* Publicado In: O Povo, Opinião, de 26/4/13.
Em tempo: por solicitação do colega Luciano Marques, caberá a mim
fazer a apresentação do autor e da obra.
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