Pedro Henrique Saraiva Leão (*)
Com frequência (amiúde)
ressaltamos a íntima relação entre Medicina e Literatura: “Há que ler, há que
ler...” (12/11/2007), “Literatura para Médicos?” (11/3/2009); “1º UnimedLit”
(22/6/2011); “Biblos” (15/8/2012); “Airton Monte” (10/8/2012); “Literapia
(27/2/2013). Dia 1º último evidenciou-se novamente esta verdade: a produção
literária ficcional dos médicos cearenses Foi inaugurada a Blume – Biblioteca
Unimédicos Escritores, no Espaço Airton Monte, então também demarcado na sede
da Unimed Fortaleza. O acervo dessa singular biblioteca foi disponibilizado
pela Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (Sobrames- CE).
Aludida coleção garantirá maior
e constante divulgação de livros, não científicos, escritos por médicos. A
Blume foi inaugurada com a prestigiosa presença do presidente da Academia
Cearense de Letras, bibliófilo e historiador José Augusto Bezerra, do dr.
Mairton Lucena, presidente da Unimed Fortaleza, do presidente do Instituto
Unimed, dr. Rômulo Barbosa, da família do médico/escritor Airton Monte, e de
inúmeros colegas. Sua instalação coincidiu com as comemorações dos 35 anos da
Unimed Fortaleza (1978), inspirada no cooperativismo pioneiro dos 28 tecelões
de Rochdale (Inglaterra), em 24/X/1844, liderados por Robert Owen.
Segundo o colega Luis Aires, em
Cooperativismo médico no Ceará (Editora Premius, Fortaleza, 2009) o movimento
aqui foi capitaneado pelos drs. Turbay Barreira e Carlos Augusto Studart, tendo
o dr. Almir Pinto sido o primeiro presidente da Unimed Fortaleza. Do acervo
inicial constavam 747 exemplares, de 38 autores, com 133 títulos, entre eles 44
de poesia. Este último expressivo número explica-se pela prioridade mundial da
poesia como extensão da linguagem e gênero literário, surgindo como canção nos
ritos tribais, entoada por declamadores ambulantes, menestréis.
Desses, o mais importante foi
Homero, da Ilíada e da Odisseia, escritos no 6º século a.C. Para Homero, os
poetas foram os primeiros professores da humanidade. Decorreram várias
centúrias até os gregos começarem a recolher trabalhos em prosa, principalmente
biográficos e histórias baseadas em mitos. Assim, citando o famoso colega inglês
Sommerset Maugham (1874 – 1965), autor de Servidão Humana (1915) e Fio da
Navalha (1944), a poesia é a coroa da literatura, e os escritores de prosa
devem afastar-se para os poetas passarem.
Baudelaire (Charles-Pierre:
1821-1867), um dos maiores poetas, do século XIX, aconselhava aos escritores:
“Sejam poetas, mesmo em prosa”. Embora seja mais fácil dizer o que não é, do
que defini-la, a poesia difere da prosa principalmente por possuir maior carga
de energia emocional. Isto é a Literatura, um estado de cultura, importante
pábulo (alimento) do médico humanista.
O eminente professor Clementino
Fraga lembrou a máxima (ou aforismo) de Guido Bacelli, já de foro clássico:
“Medicus non literatus, non medicus nec literatus” (Medicina e Humanismo. Ed.
Guanabara, RJ, 1942). Viva, pois, o vício imune da leitura. Afinal, somos o que
lemos.
(*)
Médico e secretário geral da Academia Cearense de Letras.
Fonte: O Povo,
Opinião, de 24/04/2013.
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