Antônio
Augusto Lima
(*)
“Esta polêmica entre
o ministro da Saúde e os Conselhos de Medicina é uma forma de esconder os
problemas da saúde”
Muito se tem falado na contratação de médicos
estrangeiros para trabalharem no Interior e nas periferias das grandes cidades
sob a justificativa de que os médicos formados no Brasil não têm interesse em
trabalhar para os menos favorecidos, estando mais atraídos em prestar serviços
considerados de elite.
Os médicos formados no Brasil não se furtam ao trabalho
em qualquer local do território nacional desde que tenham as condições
necessárias para realizarem um trabalho de qualidade para a população. As
dificuldades enfrentadas pelos médicos são enormes; dentre elas, falta de
medicamentos, de equipamentos para realização de exames e procedimentos simples
nos hospitais e postos de saúde, auxiliares mal remunerados, dificuldade de
transporte às localidades mais distantes, salários em atraso e total
desinteresse dos gestores públicos em solucionar os problemas.
Ao invés de resolverem os problemas que assolam a saúde
pública, os responsáveis pela pasta ficam alardeando a importação de médicos
como a solução do problema da saúde em nosso país, parece que importar médicos
é como importar uma máquina para uma indústria, o que não é verdade. Um médico
formado fora do Brasil precisa primeiramente ter seu diploma reconhecido
(revalidado), o que não é tarefa fácil e muito menos rápido, pois é necessário
seguir os trâmites legais para, somente depois de revalidado o diploma, o
médico poder exercer a medicina se for brasileiro.
No caso de médico estrangeiro, além do reconhecimento de
seu diploma, ainda é necessário um visto de trabalho expedido pelos órgãos que
cuidam da imigração. Portanto, não é só o ministro da Saúde querer, que vamos
encher nosso país de médicos cubanos como sendo a solução para a saúde.
Esta polêmica entre o ministro da Saúde e os Conselhos de
Medicina é mais uma forma de esconder os problemas da saúde causados pela
ingerência dos gestores públicos e colocar a população e a opinião pública
contra a classe médica formada em nosso país, que tem que conviver diariamente
coma falta de condições de trabalho e de interesse dos gestores em buscar
soluções possíveis e dentro de nossa realidade.
Podem trazer médico de qualquer lugar do mundo, que, sem
as reformas necessárias, a situação da saúde em nosso país só vai piorar. E
logo teremos uma legião de médicos estrangeiros de qualificação duvidosa
perambulando nos hospitais e postos de saúde.
(*) Advogado
Publicado In: O Povo, Opinião, de 28/05/2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário