Em 24/04/2006, a prefeita de Fortaleza
inaugurou a primeira fase de um conjunto residencial que recebeu o nome de Rosa
Luxemburgo, em homenagem à filósofa marxista, nascida em família judia
polonesa, mas naturalizada alemã.
Trata-se a homenageada de uma intelectual e
ativista, que pugnou por causas revolucionárias, carregando a bandeira do
socialismo, cuja ação política foi exercida na Polônia, no final do século XIX,
e na Alemanha, nas duas primeiras décadas do século passado, após obter a
cidadania germânica, por meio de um casamento de conveniência.
Nesses dois países, há monumentos erguidos,
em sua homenagem, por grupos de esquerda, como um claro reconhecimento dessa
mártir do socialismo. Contudo, no Brasil, o conhecimento do papel e, sobretudo,
da obra de Rosa Luxemburgo é restrito a circuitos acadêmicos, concentrados em
departamentos ligados aos cursos de filosofia ou ciências sociais, de
universidades, e entre intelectuais de formação marxista, perfilados entre os
partidos políticos, ditos socialistas ou comunistas.
No Ceará, em 2006, poucas pessoas sabiam quem
tinha sido Rosa Luxemburgo e a maior parte da população ignorava as razões para
denominar, em sua honra, um conjunto de moradia popular localizado no bairro
Alto Alegre, na antiga Paupina. Hoje, passados sete anos, mesmo com a
divulgação esparsa do nome na mídia, persiste o desconhecimento, sendo mais
provável as pessoas intuírem que a denominação teria algo a ver com um tipo de
flor ou, quiçá, algum familiar de treinador de futebol.
Os rarefeitos admiradores da notória ativista
libertária poderiam ter melhor dignificado esse ícone, divulgando sua produção
literária, extramuros da academia, ou erigindo-lhe um busto ou uma estátua, tal
como os acadêmicos da UFC, que se mobilizaram e levantaram os recursos a fim de
edificarem um monumento a Farias Brito, plantado na Praça da Liberdade,
defronte a Igreja de Nossa Senhora das Dores, no Otávio Bonfim. Isto feito sem
subvenção ou dinheiro públicos.
Em outubro de 2011, o vereador Plácido Filho
(PDT) acusou a Prefeitura de Fortaleza de atropelar o legislativo municipal, ao
nomear personalidades estrangeiras a praças e equipamentos públicos, por vezes
sem qualquer identificação com o País, o Ceará ou com Fortaleza, a exemplo de Rosa
Luxemburgo e Che Guevara.
Espera-se, pois, que o atual prefeito de
Fortaleza não incorra nesse mesmo erro da gestão anterior.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico e economista em Fortaleza
* Publicado. In:
O Povo. Fortaleza, 17 de setembro de 2013. Caderno A (Opinião). p.5.
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