Pai, afasta de mim
esse caju!
Após quatro dias na buraqueira, bebendo e raparigando,
João Joli chega em casa e, claro, encontra a mulher feito um siri na ‘latra’,
fumando numa quenga. A saída amarela? Dizer que nunca mais faz aquilo, está
arrependido, fará nova promessa de por fim à bebida, de uma vez por todas.
Sujeito jura de pé junto:
- De hoje por diante, zero álcool
na boca, meu amor. Pode acreditar!
- Posso confiar mesmo? Prego batido, ponta virada?
- Ora se! Adeus canicilina! Bye,
bye reada de pôde!
No instante do promessaral, um vendedor de fruta temporã
passa na rua, gritando:
- Ó o caju, ó o
caju, ó o caju! E é caju doce, bem docim! Quem vai querer?
Irresistível convite João Joli ouve. Lambendo os beiços,
propõe à mulher:
- Amor! Vamos deixar ao menos
passar essa safra! Vamos?!?
Pessoa gasosa
Hamilton Pau de Arara, tipo da criatura que adoece antes
de a mazela chegar, daqui a um mês. Diante de súbita e excessiva produção de
gases, pesquisou no Google e, entre diversas possibilidades, abraçou a do
câncer colorretal como o que estava acometido. Já considera a ideia de um
caixão no jeito.
Pelo sim, pelo não, foi ao médico. Logo a ruma de
‘inzeme’. Enquanto vêm os resultados, gastro indica alimentação à base de
fibras, que pare de tomar cachaça, pratique exercícios físicos. Resultado em
mão, Hamilton de novo no doutor. Que observa tudo minudente. Paciente
impaciente insiste em que o especialista reexamine os resultados.
- Não adiante, seu Hamilton. O
senhor não tem câncer colorretal, nada de tumor.
- É? Pois eu acabo de soltar um ninja! O que seriam esses
gases que tanto incomodam?
- Peido ariado! O senhor é um
peidopata!
O pior do desemprego no
Brasil
Mané Chico tá rico. Ganhou dinheirama ao fingir-se
agraciado com o milagre fácil da cura, no templo dum pastor marreteiro. Todo
mês ia lá, “ficar aleijado das pernas”, fazendo de conta que era de nascença.
No camarim, arrumava-se na cadeira de rodas. Cara de coitado, ao comando
milagroso do pastor, dirigia-se ao salão. Levava a galera à loucura ao
levantar-se e sair andando. Bonzim!
Em vez de entoarem hosanas aos céus, diante do
sobrenatural descortinado àqueles olhos frágeis, alguns fieis gritavam
estupefatos: “Eita piula!!!”
Sabedor da marmota, um amigo de Mané (casado, 10 filhos,
desempregado há 10 anos), foi ao culto, queria também ser “aleijado das pernas”
e beneficiado com a cura de agá. Foi apresentado ao religioso. Estava disposto
a testemunhar a força milagrenta do crente. Mas o pastor disse que a
arrecadação havia caído, que a grana andava curta, infelizmente não havia
emprego. E mais esta suja:
- Você fala inglês e alemão?
Puto da vida, o amigo de Mané Chico esperou o culto
começar para, com a farsa em andamento, driblar os seguranças, pegar o
microfone e falar em alto e bom som:
- O baitola desse coxo não é aleijado não! Fí duma égua é
meu vizim! Meia esquerda do time lá e nós! Joga bola que só uma porra!
Levou umas mãozadas no fucim pra largar de ser besta.
Ainda hoje tá guenzo, torto pruma banda.
Fonte: O POVO, de 12/08/2017.
Coluna “Aos Vivos”, de Tarcísio Matos. p.8.
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