quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

A HUMANIDADE É CAPAZ

Por Márcia Alcântara Holanda (*)

Nos dias 14 e 15 de dezembro, duas imagens postadas em jornais do mundo provocaram em mim um frisson de emoções, que percorreu minha espinha e me arrepiou. A primeira mostrou ao mundo o primeiro carregamento de vacinas contra a Covid-19, saindo pelos corredores da farmacêutica, em Michigan-USA. (Folha,14/12/2020).

Era a BioNThech Covid-19, vacina aprovada pelo FDA-EEUU e liberada para aplicação na população. A segunda plasmava a aplicação da primeira dose da vacina na enfermeira, Sandra Lindsey, em Queens-NY. (Folha,15/12/2020).

Pensei: a humanidade é capaz de reagir, no seu melhor estilo, às tragédias que vez por outra ameaçam dizimá-la. É uma reação mundial, em cadeia, que objetiva acima de tudo a sobrevivência à Covid-19.

A partir de agora, com vacinas sendo aplicadas em alguns países, vislumbra-se a possibilidade do controle da Covid-19, no mundo. Elas são o meio mais eficaz e seguro para se combater a doença. A força das vacinas é imensa. Maior do que a dos medicamentos. Tem sido capaz de aumentar a longevidade, evitar mais de duas dezenas de doenças controláveis. A BioNThech - Covid-19 protege contra a infecção pelo Sars-Cov-2, com 95% de segurança e eficácia. Por isso, a enfermeira Lindsey voluntariou-se a recebê-la.

O Butantan já produz a Coronavac. Estamos, entretanto, perdidos numa desorganização governamental descomunal sobre quais vacinas iremos ter e como serão aplicadas. O Plano Nacional de Imunização do SUS, que tem dado a ótima cobertura vacinal à população, ainda não apresentou sequer um cronograma plausível, anti-COVID-19. Provavelmente o desejo de poder absoluto sobre tudo e todos, do presidente Jair Bolsonaro, ou apenas a força do seu preconceito contra raças e ciência, o levam irresponsavelmente a frasear no Programa Brasil Urgente: "Eu não vou tomar vacina e ponto final. Problema meu" (Folha 16/12/2020).

Pode não ser dele o problema, mas será de, pelo menos, 37% de brasileiros sob sua traia, que também não se vacinarão, efetuando, assim, um crime contra a humanidade. Como rebanho encabrestado eles seguem sem ver o que se passa num dos maiores feitos da ciência: produção de uma vacina no meio a uma pandemia, no tempo recorde de nove meses. Pode-se dizer que maior do que Jair, o "mito fake", é a humanidade engajada, produzindo sua própria sobrevivência. 

(*) Médica pneumologista; coordenadora do Pulmocenter; membro da Academia Cearense de Medicina.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/12/2020. Opinião. p.21.

Nenhum comentário:

 

Free Blog Counter
Poker Blog