quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

VÍRUS E CIDADANIA

Por José Lima de Carvalho Rocha (*)

Foram diversas as reações pessoais e institucionais quando surgiu a Covid-19 em nossa cidade. Estas reações foram moduladas pelas características da personalidade de cada um, assim como pela capacidade de gestão na crise.

No ensino superior há, como princípios, a pluralidade de ideias e de concepções pedagógicas. Esses conceitos, aliados às autorizações do Conselho Nacional de Educação, permitiram que durante o início da quarentena as Instituições do Ensino Superior (IES) conseguissem rapidamente passar das aulas presenciais para novos modelos de ensino.

Como nossos alunos poderiam manter o ritmo de estudo? Como estabelecer ambientes de aprendizagem permitindo o desenvolvimento da teoria própria de cada curso?

Capacitar os professores para que lecionassem remotamente, considerando que até o dia 18 de março de 2020 estudavam e lecionavam de forma presencial, foi um grande desafio. O desafio não foi apenas pedagógico, foi também tecnológico.

Algumas IES optaram por gravar aulas, denominadas de Aulas Remotas Assíncronas (ARA), e as disponibilizaram para os alunos. Outras optaram pelo caminho das Aulas Remotas Síncronas (ARS), aulas em ambiente virtual que permitem a interação em tempo real entre professor e alunos. Algumas IES optaram pelos dois caminhos.

Entendo que a correta gestão de uma IES precisa considerar sentimentos e necessidades dos professores e alunos no presente, assim como o compromisso destes estudantes com os futuros pacientes ou clientes. Estas necessidades do presente e do futuro nos guiam para a tomada de boas decisões. Várias adaptações foram feitas, considerando o momento vivido. Alguns pré-requisitos para uma boa prática pedagógica, no entanto, precisam ser mantidos. Não podemos aceitar que estudantes de 2020 se tornem profissionais menos qualificados quando comparados aos anteriormente formados.

Como ter certeza? Podemos dividir a matriz curricular em duas partes principais. Aulas teóricas e aulas práticas. As duas são complementares. No segundo semestre as aulas práticas foram autorizadas. Importantes práticas que não foram oportunizadas no primeiro semestre, acontecem no segundo.

As avaliações remotas tiveram início no primeiro semestre. Esperávamos que os alunos respondessem às questões de modo individual e sem consultas. Em parte, obtivemos êxito. As dificuldades surgidas nos possibilitaram evoluir.

Durante o final do primeiro semestre e o início do segundo, os alunos e as instituições se adaptaram às novas formas de avaliação. Hoje, é possível oferecer exames com resultados mais fidedignos. Mesmo considerando este avanço, testes presenciais precisam ser oferecidos aos alunos. Durante a pandemia, alunos deveriam poder decidir se respondem a provas remotas ou presenciais. Estas últimas ainda precisam ser autorizadas pelas autoridades governamentais.

A valorização do processo de ensino-aprendizagem aliado ao compromisso de se tornarem excelentes profissionais, permite afirmar que os futuros formandos serão tão competentes ou até mais do que os graduados antes da pandemia. 

(*) Médico e pedagogo. Reitor de Medicina da UniChristus.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 20/11/2020. Opinião. p.21.

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