Editorial de O Povo, de 29 de janeiro de 2021.
Em
um momento de grande significado para a saúde pública, o governador Camilo
Santana (PT) assinou na última quarta-feira, 27, a ordem de serviço para
construção do Hospital Universitário do Ceará (HUC), a ser instalado no Campus
do Itaperi, da Universidade Estadual do Ceará (Uece). O equipamento abarcará
uma área de 79,5 mil metros quadrados e terá 654 leitos (470 de internação
geral e 184 de terapia intensiva). O projeto prevê um edifício de três torres —
clínica, cirúrgica e materno-infantil. Ao todo, serão erguidos sete pavimentos
que reunirão mais de 30 especialidades médicas. A obra inclui um heliporto, e
já no próximo ano (2022) espera-se que seja entregue ao público. Quase R$ 275
milhões, bancados pelo governo estadual, se destinarão a pôr a edificação de
pé.
Por
suas proporções será o maior hospital público do Ceará, destinando-se ao
atendimento terciário, isto é, aos casos de alta complexidade. Ao mesmo tempo,
dará suporte a hospitais da Região Metropolitana de Fortaleza e do interior do
Estado. Se sua missão se resumisse só a isso, já estaria plenamente
justificada. Mas, é bem mais importante, complexa e frutífera: vai ser um
centro formador de profissionais médicos para o Ceará, unindo ensino, pesquisa
e extensão. Tratando não apenas da parte teórica, mas da prática profissional
médica. Esta última é muito cobrada pela sociedade para que possa se sentir
confiante quando posto sob os cuidados de um recém-formado. Ou seja: além de
dar o embasamento teórico, o HUC vai treinar o profissional, integrar universidade
e hospital e, através da extensão, prestar um bom serviço à população.
Embora
o binômio ensino-assistência prevaleça como marca desse tipo de instituição, a
definição de hospital universitário (HU) é mais abrangente, implicando também a
pesquisa, isto é, a produção do conhecimento, o fazer ciência. Não é à toa que
o reitor da Uece Hidelbrando Soares enfatizou a junção desse eixo: "Essa
aproximação - hospital, ciência, ensino e extensão - tem tudo para tornar essa
área um polo de inovação no Estado do Ceará".
Criar
uma unidade como essa, no momento em que a ciência, no âmbito do poder mais
alto da República, se torna cada vez mais rarefeita como referencial
civilizatório, é uma aposta lúcida que descortina um horizonte menos
asfixiante. Isso assim também foi entendido pelo secretário da Saúde do Estado
do Ceará, Carlos Roberto Rodrigues, no comentário sobre a importância de
"juntar ensino e prática como reconhecimento da valorização da ciência e
do conhecimento como mecanismo de transformação social".
Dessa
forma, é possível saudar o projeto da construção do Hospital Universitário do
Ceará como uma decisão histórica da jovem geração governante cearense, que
honra a capacidade prospectiva do seu povo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 28/1/21. Editorial, p.18.
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