Por Tales de Sá
Cavalcante (*)
Era dia de Fórmula 1. Os números-base não eram 0 e
1, como no sistema binário utilizado na computação. A decisão se dava em
12/12/21, data com apenas os algarismos 1, de 1º, e 2, de 2º. Coincidência? Nem
os grandes Senna, Fangio, Piquet ou Schumacher saberiam. Já se conhecia a dupla
de 1º e 2º lugares do ano. Lewis Hamilton e Max Verstappen iniciaram a corrida de
Abu Dhabi com idêntico total de pontos (369,5).
Há 47 anos, não acontecia isso. A contrariar previsões,
Hamilton partiu na frente. Liderou todas as voltas, exceto a parte final da última,
quando Verstappen o ultrapassou e conquistou o título. Sendo a concorrência uma
característica comum à Fórmula 1 e à área empresarial, momentos da 1ª servem à
2.ª
A 1ª lição é de todos os esportes. A Red Bull,
equipe de Verstappen, admitiu como certa a permanência deste na frente após a largada.
Conforme o chiste, que narra prepotência de Feola contestada por Garrincha na
Copa de 1958, não combinaram com os russos, adversários do Brasil naquele jogo.
A 2ª lição. A Mercedes esqueceu a possibilidade de “safety
car” e não trocou os pneus, a exemplo da Red Bull. Certo seria: se estamos na
frente e o 2º lugar trocou os pneus, devemos trocá-los também, como, aliás,
sempre fez a Mercedes.
A 3ª lição deu-se em Azerbaijão, quando Hamilton não
soube o motivo de, na 1ª curva, ter seguido direto, em vez de contorná-la. Se não
tiver pressionado o “botão mágico” inadvertidamente, ele deve ter se preocupado
demais com o adversário Pérez, que ia ao lado. Numa empresa, o ideal é olhar
mais para o próprio desempenho e, de “rabo de olho”, observar o concorrente.
A 4ª é de Bernardinho, técnico do nosso vôlei, e
serve a todos os esportes: a vitória de ontem nada tem a ver com a de hoje.
A 5ª lição é que a Fórmula 1 é dinâmica e sempre
inova de acordo com a ciência. Quem assim não procede só encontra derrotas. Hamilton
é heptacampeão, mas não obteve o título de 2021, que ficou com Verstappen. Vettel,
Alonso e Raikkonen já não são os primeiros, e até as transmissoras das corridas
e suas consequentes audiências mudam. É outra lição. No esporte e na vida, nada
é eterno.
(*) Reitor do FB
UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Membro da Academia
Cearense de Letras.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 16/12/21. Opinião, p.20.
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