Por Sofia
Lerche Vieira (*)
Em
período recente, múltiplas manifestações da vida em rede passaram a dominar o
cotidiano. Comunicações pessoais e profissionais se viram desde então
atravessadas pelas redes sociais. Facebook, Twitter, Instagram e
WhatsApp são apenas algumas de suas expressões. Guardando suas especificidades,
determinam formas de convivência dos "tempos líquidos" de que
falava Zygmunt Bauman, arguto intérprete das relações na era da
informação.
Do
ponto de vista dos usuários, enquanto uns são lentos nas investidas e
respostas; outros, sagazes, demonstram agilidade invejável no uso desses instrumentos
de comunicação. Se alguns delegam a terceiros a gestão de seus perfis;
outros, os administram pessoalmente.
Há
ainda os que preferem o anonimato, exercendo o direito de não serem capturados
por estas novas formas de tirania social. Estar sob os holofotes,
afinal, tem um preço e nem todos estão dispostos a pagar por ele.
Aprender
a lidar com essas e instigantes manifestações da vida humana, por certo, é
desafio para todas as gerações. Crianças, jovens e velhos - todos -
precisamos cultivar a paciência em relação aos impactos
diferenciados deste processo sobre uns e outros.
O
que dizer à jovem que manifesta publicamente online sua irritação pela forma
como muitas pessoas mais velhas escrevem seus textos? Na sua percepção, longos,
descontínuos e enfadonhos. Por certo ela há de optar por OBG, BLZ,
TQLO. Onde estaria o meio termo entre o texto detalhado e a quase ausência da
palavra? Difícil precisar.
Como
manifestar a alegria de uma mensagem visualizada e, por outro lado, saber
relativizar o desprazer de um silêncio por resposta? Como evitar os que invadem
a privacidade alheia sem convite? Como fugir dos golpes e dos
trapaceiros?
A
despeito das armadilhas da vida em rede, seus encantos parecem óbvios. Dentre
as vantagens desses avanços tecnológicos inevitáveis está o
extraordinário potencial de nos comunicarmos em tempo real com pessoas de
qualquer lugar do planeta. Essa nova forma de vida permite não apenas cultivar
afetos, mas também estreitar laços profissionais e humanos. Quem resiste?
(*)
Professora do Programa de Pós-Graduação
em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 25/04/22. Opinião, p.18.
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