Retornando
para casa no dia 21 de dezembro de 2000, ouvi a voz inconfundível do amigo,
jornalista professor e ex-senador Cid Carvalho. A curiosidade aumentou quando
percebi que o dinâmico comunicador se referia à minha pessoa. É claro, não sou
hipócrita, fiquei extremamente feliz com suas observações. O Cid explicava para
os seus milhares de ouvintes os fatos que mais marcaram, segundo a avaliação de
cientistas políticos, professores, economistas, jornalistas e outros profissionais,
ocorrida em uma mesa-redonda de um programa de televisão, os últimos vinte e
cinco anos da política brasileira. Dizia o brilhante ex-senador que aqueles
profissionais, consensualmente, chegaram à conclusão de que a redemocratização
e o programa de estabilização nometária. Plano Real, haviam sido os dois fatos
mais significativos do último quartel do século XX. Fiquei mais feliz ainda
quando o Cid, fazendo uma análise histórica, externou que só conhecia um
brasileiro que tinha participado ativamente dos dois processos. A
redemocratização teve seu grito decisivo no Conselho Deliberativo da Sudene,
quando o autor deste texto lançou o nome de Aureliano Chaves para a Presidência
da República e, em razão de conversas posteriores, chegou-se à conclusão de que
Tancredo Neves poderia constituir um momento de transição mais tranquilo. Assim
aconteceu a Aliança Democrática. O outro processo, quase dez anos após o
primeiro, surgiu depois de algumas tentativas frustradas de combate à inflação.
O Plano Real foi concebido por uma equipe de jovens e competentes economistas,
sob a coordenação do então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. Mais
uma vez, tive a felicidade de participar desse processo quando a Câmara dos
Deputados indicou o então deputado federal Gonzaga Mota para ser o relator. Se
na redemocratização vivi uma grande experiência política, na relatoria do Plano
Real consegui uma visão fantástica na área econômica. Não espero, nem seria
justo nenhum reconhecimento da História, como deseja o bondoso amigo Cid
Carvalho, mas tenho a consciência tranquila de ter contribuído para o nosso
País . Se depois, outros fatores negativos prejudicaram a nossa Pátria, é
lamentável. Obrigado, Cid! Muito obrigado.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador
do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, 13/05/2022. Ideias.
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