Por Tales de Sá
Cavalcante (*)
"Todos
os livros do presidente". É esse o título do artigo de José Eduardo
Agualusa em "O Globo". Ele nos conta que Marcelo Rebelo de Sousa,
antes de ser presidente de Portugal, era um excelente crítico de livros e,
mesmo com inúmeros afazeres, sempre tinha tempo para, todas as semanas, ler e
comentar diversas obras. Marcelo atribuía sua grande produção literária ao fato
de dormir muito pouco, e, assim, a parte da noite não dedicada ao sono era
destinada à leitura.
Igualmente
procedia o saudoso médico, amigo e confrade deste articulista na Academia
Cearense de Letras José Telles. Disse-me ele que convivia bem com sua insônia,
pois, enquanto seus concorrentes médicos dormiam, ele estudava.
Ao
ler o artigo, rememorei a aula inaugural de 2016 da turma do 1º ano do IME,
Instituto Militar de Engenharia, quando jovens, privilegiados por seus
cérebros, recebiam lições do comandante do nosso Exército, à época, General
Villas Bôas.
Um
calouro fez a 1ª pergunta. O General, antes de responder, interrogou-o:
"Que livro você está lendo?" O militar só deu o retorno à indagação
após dito o nome do compêndio. E todos já sabiam que os esclarecimentos às suas
questões só surgiriam após declinado o título do livro que estavam a ler.
Recebemos, então, lições sobre o valor da leitura, da ciência e do
conhecimento. Comprovei as informações já recebidas de que, na hierarquia
castrense, só se chegava a General após rigorosa seleção.
No
artigo supracitado, o autor defende a tese de que "os presidentes deveriam
ser escolhidos pelos livros que leem" e cita obras preferidas por vários
prováveis candidatos a presidente do Brasil, em 2022, e pelos dois dos EUA, em
2024.
Apesar
dos pesares, o voto é o melhor método, e, ao reconhecermos a importância da
leitura na formação de estadistas, poderíamos, no caso do critério dos
"livros que leem", votar em Biden ou Trump, nos EUA, no próximo
pleito. No Brasil, com o mesmo critério, em 2022, escolheríamos Lula,
Bolsonaro, Moro, Ciro, Doria, Tebet ou outro. Se o(a) prezado(a) leitor(a)
resolver votar na urna de Agualusa, desejo-lhe boa pesquisa, boa sorte e bom
voto.
(*)
Reitor do FB UNI e Dir. Superintendente
da Org. Educ. Farias Brito. Membro da Academia Cearense de Letras.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 5/05/22. Opinião, p.22.
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