Por Alfredo
Guarischi, médico
William
Osler (1849-1919) não considerava a medicina
apenas ciência, mas via arte da medicina à luz da ciência. Ensinou que essa era
uma arte magistral, com seu exemplo e textos sobre humanismo.
Formado pela Universidade McGill, em Montreal, em 1872,
foi se aperfeiçoar na Europa, onde estudou com Rudolf Virchow, o grande
patologista alemão. Osler foi considerado o Pai da Medicina Interna – clínica
médica –, após retornar para sua universidade como professor. Adorado pelos
alunos e pacientes, deixou saudades ao se mudar para a Universidade da
Pensilvânia, nos EUA. Em cinco anos publicou centenas de artigos científicos, o
que o levou a ser convidado a fundar o Serviço de Medicina da então
recém-criada Universidade Johns Hopkins, em Baltimore. Lá desenvolveu “o método natural de ensinar aos estudantes de
medicina”, que “começa com o paciente, continua com o paciente e termina no paciente,
usando livros e aulas como ferramentas, como meio para servir ao paciente”. Nessa época a Johns Hopkins tinha os mais
importantes médicos dos EUA: o cirurgião William Halsted, o patologista William
Welch e o ginecologista Howard Kelly. Todos se tornaram ícones de suas
especialidades. Em meses escreveu, como único autor, o “The Principle and Practice of Medicine”, em 1892, que se tornou um clássico com inúmeras
edições.
Em 1904 foi convidado a assumir a cátedra da
Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Ávido leitor, considerava a literatura e biografias
como um incentivo à reflexão e à empatia, uma ferramenta para refletir sobre as
pessoas, a essência do sofrimento e a vocação da profissão médica – uma maneira
especial de ajudar os outros. Defendia a importância da “educação do coração”.
Osler escreveu: “A
mais difícil convicção de entrar na mente de um iniciante é que a educação na
qual ele está envolvido não é um curso universitário, mas um curso de vida,
para o qual o trabalho de alguns anos com professores é apenas uma preparação.” Alertava também que “o bom médico trata a doença, o grande médico trata o
paciente que tem uma doença”, e que “a velha
arte não pode ser substituída, mas deve ser absorvida pela nova ciência”.
Entendia a pessoa, ele a ouvia com atenção, usava a linguagem de forma simples,
para que o paciente o entendesse.
Nos últimos 50 anos a medicina ganhou uma
exponencial efetividade com a tecnologia, mas paralelamente diminuiu a perda da
empatia entre médico e paciente, ocasionando desconfiança nessa relação. Para
Osler a prática da medicina é uma arte, não uma empresa; “é um chamado em que seu coração será exercitado
igualmente com sua cabeça”.
Sir Willian Osler faleceu de pneumonia, dois anos
após da morte de seu único filho, apesar dos esforços dos seus amigos e grandes
cirurgiões Harvey Cushing e George Crile, que o operaram no 47º. Casualty
Clearing Station, posto avançado de tratamento de feridos, em Lozinghem. Edward
Revere Osler, de 22 anos de idade, lutava, como tenente de artilharia, na
frente de batalha na Bélgica, na Primeira Guerra Mundial.
Nota: Publicado no O Globo – Saúde em 29/01/2019.
Fonte: Internet (circulando por e-mail e i-phones).
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