segunda-feira, 3 de julho de 2023

PISO DA ENFERMAGEM: uma dívida do Brasil

Por Natana Pacheco (*)

São em momentos difíceis que surgem heróis. Segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (1986), define-se o termo herói como um homem extraordinário pelas suas qualidades guerreiras, triunfo, valor ou magnanimidade. E foi durante o caos na saúde mundial, durante a pandemia de 2019, que os profissionais de enfermagem mostraram seu valor e suas qualidades extraordinárias. Eles abdicaram de seu tempo com a família, de descanso e até de si próprios para fazer o máximo possível, a fim de salvar vidas.

E quantas vidas nós perdemos! Foram milhares delas no nosso País e, segundo pesquisa divulgada neste ano, pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), das mais de 700 mil mortes no Brasil, 200 delas foram de enfermeiros e 470 de auxiliares e técnicos de enfermagem. Isso, de 19 de março de 2020 a março de 2021.

Esses números mostram que nós, apesar de sermos considerados heróis, somos feitos de carne e osso e morremos também. É por isso que lutamos bravamente por esse direito, igualitário, entre os profissionais de enfermagem que tanto fizeram e fazem, diariamente, pela população deste país.

O piso salarial é parte de um grande projeto de valorização da categoria, em que se trará mais dignidade e qualidade de vida. É importante sempre destacar que, sem os profissionais de enfermagem, não se faz saúde. Somos a base de sustentação dos sistemas público e privado do País.

Merecemos reconhecimento e respeito, por tudo o que representamos na assistência à população. Fazer enfermagem é fazer ciência todos os dias. O piso da enfermagem vem pra dar um salário digno ao trabalho feito por estes profissionais que também são cidadãos e merecem direitos.

Nós, do Conselho Regional de Enfermagem, continuaremos na nossa missão de cobrar as autoridades competentes para que a Lei 14.434, aprovada no ano passado, que define o piso salarial dos enfermeiros de R$ 4.750 e as equivalências de 70% e 50% aos técnicos de enfermagem e auxiliares, seja cumprida pelas instituições de saúde, tanto públicas como privadas. E relembramos nosso compromisso com toda a categoria de enfermagem e seus profissionais e a sociedade.

O sentimento predominante é de pertencimento a uma luta justa e que trará dignidade para uma categoria tão dedicada e merecedora. 

(*) Enfermeira. Conselheira secretária do Conselho Regional de Enfermagem do Ceará (Coren-CE).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 3/07/2023. Opinião. p.21.

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