Por Heitor
Férrer (*)
Entrei na vida
público-partidária em 1989, quando assumi meu primeiro mandato de vereador de Fortaleza. De lá para cá, nesses 34 anos como parlamentar, incluindo nessa soma 20
anos de deputado estadual, ouvi muitas críticas aos políticos - leia-se aos
eleitos ao longo desses anos - com foco principalmente na sua credibilidade.
Ouvi, também, muitas críticas pesadas à imprensa e aos que a fazem, os jornalistas.
Com referência tanto aos políticos como aos jornalistas, ouvi muitas vezes, por
muitos da sociedade, que éramos uns privilegiados, mentirosos, desonestos e sem
compromisso. Por todo esse tempo, as adjetivações eram as mais cruéis, às vezes
com razão, às vezes nem tanto...
Ao longo
desses anos, acompanhamos o advento desse extraordinário meio de comunicação,
as redes sociais, culminando com o WhatsApp e Instagram, e todas as transformações que vivenciamos hoje na maneira de nos
comunicar e relacionar. Como o próprio nome diz, redes sociais, as redes da
sociedade. Nelas, imaginei, aqueles que cobraram e cobram tanto da classe
política e da imprensa irão dar exemplo de conduta de seriedade, de
compromisso, de verdade, de honestidade, de ética. Aqui, disse para mim mesmo,
a sociedade dirá como todos deveriam e devem se comportar. Ledo engano. A rede social passou a ser o que há de pior em se tratando de compromisso, de
credibilidade, de verdade, de ética…
Com exceções,
como em todas as atividades humanas, as redes sociais fizeram com que a
sociedade mostrasse a sua cara da maneira mais crua e transformaram-se em
verdadeiro lamaçal social. Nelas, vemos a negação de tudo que, há
anos, a própria sociedade vinha e vem cobrando. Nelas, a sociedade publica uma
intimidade podre sem qualquer comparação com aquilo que, legitimamente, cobrava
e cobra dos homens e mulheres públicos. Nesse lamaçal social, lançam calúnias,
ódio, discórdia, fake news…
Como uma rede,
cujos donos somos nós, vem perdendo sua credibilidade por conta dos mesmos que
tanto cobraram postura da grande imprensa e dos que fazem a política no país?
Triste desilusão e, o que é pior, essa degeneração ética só se aperfeiçoa e se aprofunda. Era a revelação que menos esperava da
rede que é nossa, a rede social, a rede da sociedade.
(*)
Médico e
ex-Deputado estadual
(Solidariedade).
Fonte: Publicado In: O Povo, de 20/10/2023. Opinião. p.19.
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