quinta-feira, 11 de março de 2021

O QUE A IMPRENSA ESCONDE

Meraldo Zisman (*)

Médico-Psicoterapeuta

… Eu não entendo essa suspensão dos planos de saúde para o diagnóstico de Corona 19 seja como médico ou como cidadão. Comunico aos que não entendem a minha surpresa que, pela minha idade de 85 anos, sou considerado como pertencente ao grupo de risco…

Apesar de ser um admirador da imprensa e dos seus avanços tecnológicos, creio que ela se presta cada vez mais à democratização da informação e concordo com o sábio Millôr Fernandes quando dizia:

“Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”.

Sei também que a imprensa omite— e não poucas vezes— a parte mais importante do que é notícia. Vamos a um exemplo pessoal.

Solicitado por meu médico por apresentar dificuldades respiratórias e apresentar discreta dispneia aos esforços, após exame cardiológico e ausculta pulmonar, a submeter-me, além de outros exames de rotina, o de sorologia para Covid-19 IgG-IgM. Informou-me (a atendente de laboratório) que teria de pagar a quantia de 170 reais para que fosse realizado tal exame. Não irei discutir nem apresentar os assuntos técnicos sobre a validade ou não de tais “dosagens” e da importância de um diagnóstico precoce.

Os meus amigos, entrevistadores da imprensa, estão aí para provar que sempre recusei opinar sobre essa pandemia (Doença epidêmica amplamente difundida), até intitulada de genocídio, pois não sou infectologista nem tenho especialidades assemelhadas. Também não sou ingênuo para não saber que jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. “O resto é publicidade.” Repito.

O BRADESCO (plano de saúde ao qual pertenço) não cobriria os gastos com o exame solicitado por meu médico e informaram-me que os únicos que arcam com esse exame é a Embraer, que é um conglomerado transnacional brasileiro, fabricante de aviões comerciais, executivos, agrícolas e militares, peças aeroespaciais, serviços e suporte na área. Outro plano que pagava era o denominado de Cassi, responsável pelos planos de saúde dos empregados do Banco do Brasil, mas que suspendeu o pagamento desde o mês de julho de 2020.

Eu não entendo essa suspensão dos planos de saúde para o diagnóstico de Corona 19 seja como médico ou como cidadão.

Comunico aos que não entendem a minha surpresa que, pela minha idade de 85 anos, sou considerado como pertencente ao grupo de risco.

Não me queixo. “Vale a pena viver – nem que seja para dizer que não vale a pena…” já dizia o poeta gaúcho Mario Quintana.

Mas acho justo perguntar, desconheço alguma menção da mídia irritantemente alarmista e monotemática a esse problema. Ela, que aborda somente um tema, calou-se do novo coronavírus no dia da catástrofe de Beirute.

Fim da história. Paguei a quantia e aguardo o resultado. No entanto, desconhecia totalmente esse procedimento. Nunca escutei nem li nada sobre esse pagamento – e sou usuário de dois planos de saúde, ambos em dia.

O que explicaria esse silêncio midiático?

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

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