Por Lauro Chaves Neto (*)
A economia brasileira, quando avaliada pelo Produto
Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no
País, cresceu 7,7% no terceiro trimestre, em relação ao período anterior. De
acordo com o IBGE, essa é a maior variação desde o início da série em 1996, mas
ainda insuficiente para recuperar as perdas provocadas pela pandemia.
O resultado indicou que a economia do País se
encontra no mesmo patamar de 2017, com uma perda acumulada de 5% de janeiro a
setembro, em relação ao mesmo período de 2019. Se comparado com o mesmo
trimestre de 2019, o PIB apresentou recuo de 3,9%.
É importante reforçar que a economia brasileira
pré-pandemia estava em um ciclo de lento crescimento (2017-2019) e que ainda
não havia recuperado os patamares de atividade anteriores à crise (2014-2016).
Assim, é fundamental compreender os cenários para a recuperação econômica.
O isolamento social atingiu mais pesadamente o
setor de serviços, com predomínio de baixos salários e empregos precários;
setorialmente, o agronegócio vem liderando a recuperação e o comércio e a
indústria já aceleram a reestruturação das suas cadeias e a retomada do nível
de atividade, os serviços, no entanto, têm apresentado uma dinâmica mais lenta.
Existem três linhas de raciocínio para a
recuperação da economia: a saída da recessão seria em "V" (queda e
recuperação), em "L" (queda e estagnação) e, agora, existem os que
acreditam no formato em "K". De acordo com essa última linha, as
grandes empresas e os mais ricos aumentarão a sua parcela na renda, enquanto os
pequenos negócios, os trabalhadores de baixa renda e os informais empobrecerão,
principalmente se não for criado nenhum programa de renda mínima, ao final do
auxílio emergencial.
As condições sanitárias e a política econômica serão
os dois fatores determinantes desse padrão de recuperação. As condições
sanitárias dependem da imunização da população; já a vertente econômica está
relacionada à questão fiscal, à estabilização do câmbio em patamares adequados,
ao controle inflacionário e à criação de um programa de renda mínima para os
mais vulneráveis.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte:
O Povo,
de 14/12/20. Opinião. p.22.
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