quinta-feira, 18 de março de 2021

A RECUPERAÇÃO ECONÔMICA

Por Lauro Chaves Neto (*)

A economia brasileira, quando avaliada pelo Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no País, cresceu 7,7% no terceiro trimestre, em relação ao período anterior. De acordo com o IBGE, essa é a maior variação desde o início da série em 1996, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas provocadas pela pandemia.

O resultado indicou que a economia do País se encontra no mesmo patamar de 2017, com uma perda acumulada de 5% de janeiro a setembro, em relação ao mesmo período de 2019. Se comparado com o mesmo trimestre de 2019, o PIB apresentou recuo de 3,9%.

É importante reforçar que a economia brasileira pré-pandemia estava em um ciclo de lento crescimento (2017-2019) e que ainda não havia recuperado os patamares de atividade anteriores à crise (2014-2016). Assim, é fundamental compreender os cenários para a recuperação econômica.

O isolamento social atingiu mais pesadamente o setor de serviços, com predomínio de baixos salários e empregos precários; setorialmente, o agronegócio vem liderando a recuperação e o comércio e a indústria já aceleram a reestruturação das suas cadeias e a retomada do nível de atividade, os serviços, no entanto, têm apresentado uma dinâmica mais lenta.

Existem três linhas de raciocínio para a recuperação da economia: a saída da recessão seria em "V" (queda e recuperação), em "L" (queda e estagnação) e, agora, existem os que acreditam no formato em "K". De acordo com essa última linha, as grandes empresas e os mais ricos aumentarão a sua parcela na renda, enquanto os pequenos negócios, os trabalhadores de baixa renda e os informais empobrecerão, principalmente se não for criado nenhum programa de renda mínima, ao final do auxílio emergencial.

As condições sanitárias e a política econômica serão os dois fatores determinantes desse padrão de recuperação. As condições sanitárias dependem da imunização da população; já a vertente econômica está relacionada à questão fiscal, à estabilização do câmbio em patamares adequados, ao controle inflacionário e à criação de um programa de renda mínima para os mais vulneráveis. 

(*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.

Fonte: O Povo, de 14/12/20. Opinião. p.22.

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