O Prof. Haroldo Juaçaba recebeu primorosa
formação educacional em colégio marista, que aliada à sua educação doméstica,
fizeram-no um cidadão que bem sabia apreciar a cultura, em geral, e as artes,
Uma vez, nos anos oitenta do século passado,
encontrei o Dr. Haroldo no Instituto do Câncer do Ceará (ICC), logo após o
término da fase de entrevistas da seleção da Residência Médica do Hospital
Universitário Walter Cantídio, por ele conduzida. Notei que ele estava um tanto
acabrunhado e, na ocasião, ele me narrou uma pequena decepção que tivera com um
dos concorrentes da RM
– Veja só, Marcelo! Nas entrevistas de hoje,
um dos aprovados na fase das provas, de nosso processo seletivo, falou-me que
era violinista.
– Mas isso é uma raridade nos tempos atuais.
Merece até ser comemorado – argumentei.
– Eu fiquei, em princípio, encantado com um
rapaz, porque isso me fez voltar aos meus tempos de juventude.
– Do tempo em que o senhor tocava violino?
– Sim. Daqueles bons tempos, já tão
distantes.
– Mas, qual foi a razão do seu desencanto,
professor?
– Bem! Quando o candidato me disse que era
violinista, eu, entusiasmado, perguntei se ele conhecia Yehudi Menuhin.
– E o que ele respondeu?
– Ele disse não e ainda indagou se se
tratava de um grande cirurgião.
– Foi surpreendente identificar um aficcionado
do violino que desconhece o maior violinista deste século – retruquei.
– Não deu mais para prosseguir a entrevista
do candidato. Talvez ele nem tocasse o instrumento; quisesse apenas fazer média
comigo – afirmou, meio ressabiado.
*
Publicado, originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos e
de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011.112p. p.35-36.
Fonte:
SILVA, M.G.C. da. Yehudi Menuhin. In: SOBRAMES –
CEARÁ. A plenos pulmões. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2021. 340p.
p. 232-233.
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