Por Wellington Alves Filho (*)
O câncer de
cabeça e pescoço compreende os tumores malignos que podem acometer
diversas regiões, incluindo a pele, boca, faringe, laringe e glândulas
salivares. Segundo dados do INCA, trata-se do 7º câncer mais comum no mundo e o
5ª mais comum no Brasil, com aproximadamente 40.000 casos novos diagnosticados
somente em 2022. Sua mortalidade pode ser elevada, chegando a aproximadamente
10.000 mortes por ano no nosso país, sobretudo quando o diagnóstico acontece em
fases mais tardias da doença, o que ocorre em cerca de 70% dos casos.
O uso do
tabaco e do álcool são os fatores de risco mais implicados no desenvolvimento do câncer
de cabeça e pescoço. O uso combinado desses fatores pode aumentar o risco de
desenvolver a doença em aproximadamente 40 vezes. A infecção pelo vírus HPV também
tem um papel importante no desenvolvimento de alguns tumores, mais notadamente
no câncer de orofaringe (garganta).
Os sintomas vão depender da sua localização. Aftas na boca, dor ao engolir,
rouquidão, surgimento de caroços no pescoço ou ferimentos na pele há mais de
três semanas merecem investigação e avaliação de um profissional. O diagnóstico é feito após a rigorosa avaliação médica, sendo muitas vezes necessária
a realização de biópsia para confirmar o diagnóstico.
O tratamento do câncer de cabeça e pescoço é essencialmente multimodal e
multidisciplinar, envolvendo desde a cirurgia, tratamento não cirúrgico
(radioterapia e quimioterapia) ou a abordagem combinada. Idealmente, os
pacientes devem ser abordados em centros especializados, em que essa abordagem
é garantida. Embora o tratamento possa trazer sequelas importantes nos casos
diagnosticados mais tardiamente, a detecção precoce da doença pode trazer
índices de cura acima de 80%.
É fundamental
o estímulo às práticas e estratégias de prevenção e detecção precoce, como
campanhas nacionais de conscientização, como o Julho Verde, mês em que se
celebra o combate mundial contra a doença. Além disso, deve ser
priorizado o combate ao cigarro e ao consumo excessivo de álcool, juntamente
com o estímulo à vacinação contra o HPV.
(*) Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Hospital Universitário Walter
Cantídio e do CRIO.
Fonte: Publicado In:
O Povo, de 31/08/2023. Opinião. p. 20.
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