terça-feira, 10 de outubro de 2023

ALERTA PARA O CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO

Por Wellington Alves Filho (*)

O câncer de cabeça e pescoço compreende os tumores malignos que podem acometer diversas regiões, incluindo a pele, boca, faringe, laringe e glândulas salivares. Segundo dados do INCA, trata-se do 7º câncer mais comum no mundo e o 5ª mais comum no Brasil, com aproximadamente 40.000 casos novos diagnosticados somente em 2022. Sua mortalidade pode ser elevada, chegando a aproximadamente 10.000 mortes por ano no nosso país, sobretudo quando o diagnóstico acontece em fases mais tardias da doença, o que ocorre em cerca de 70% dos casos.

O uso do tabaco e do álcool são os fatores de risco mais implicados no desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço. O uso combinado desses fatores pode aumentar o risco de desenvolver a doença em aproximadamente 40 vezes. A infecção pelo vírus HPV também tem um papel importante no desenvolvimento de alguns tumores, mais notadamente no câncer de orofaringe (garganta).

Os sintomas vão depender da sua localização. Aftas na boca, dor ao engolir, rouquidão, surgimento de caroços no pescoço ou ferimentos na pele há mais de três semanas merecem investigação e avaliação de um profissional. O diagnóstico é feito após a rigorosa avaliação médica, sendo muitas vezes necessária a realização de biópsia para confirmar o diagnóstico.

O tratamento do câncer de cabeça e pescoço é essencialmente multimodal e multidisciplinar, envolvendo desde a cirurgia, tratamento não cirúrgico (radioterapia e quimioterapia) ou a abordagem combinada. Idealmente, os pacientes devem ser abordados em centros especializados, em que essa abordagem é garantida. Embora o tratamento possa trazer sequelas importantes nos casos diagnosticados mais tardiamente, a detecção precoce da doença pode trazer índices de cura acima de 80%.

É fundamental o estímulo às práticas e estratégias de prevenção e detecção precoce, como campanhas nacionais de conscientização, como o Julho Verde, mês em que se celebra o combate mundial contra a doença. Além disso, deve ser priorizado o combate ao cigarro e ao consumo excessivo de álcool, juntamente com o estímulo à vacinação contra o HPV.

(*) Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Hospital Universitário Walter Cantídio e do CRIO.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 31/08/2023. Opinião. p. 20.


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