quarta-feira, 11 de outubro de 2023

INTERNACIONALIZAÇÃO E INTERNALIZAÇÃO PRODUTIVA: a ZPE do Ceará

Por Alexandre Sobreira Cialdini (*)

O processo de internacionalização e internalização produtiva consiste na ampliação de uma empresa no mercado internacional e sua capacidade de abrangência endógena, com a incorporação do mercado local. Isso envolve a importação e a exportação de produtos, bem como a inclusão das cadeias produtivas locais. A internacionalização busca adequar produtos e serviços para que possam ser aceitos facilmente em diferentes mercados, enquanto a internalização compreende a absorção desses produtos no mercado interno.

Novos estudos têm sedimentado essas análises, com destaque para o Paradigma Eclético de Dunning, que sustenta que a expansão internacional da empresa é explicada por vantagens específicas da firma e dos países de origem ou de destino. Essa teoria também é conhecida como modelo OLI, em que "O" representa Ownership (propriedade), "L" corresponde a Localization (localização) e "I" se refere a Internalization (internalização).

Esse modelo considera vantagens de três ordens para a tomada de decisão da empresa sobre investimentos produtivos no exterior: as vantagens de propriedade; as de localização, que envolvem fatores como incentivos fiscais, custos de produção e ambiente de negócios; e as de internalização, que ocorrem quando é mais vantajoso para a empresa usar suas próprias vantagens em vez de permitir que terceiros as utilizem.

De acordo com essa teoria, quatro principais fatores determinam a internacionalização de uma empresa: 1) busca por recursos: explorar vantagens derivadas de custos menores nos países receptores do investimento; 2) busca por novos mercados: explorar o mercado do países receptor, além de alcançar países vizinhos; 3) busca por eficiência: explorar as vantagens de escala e racionalização da produção, além da especialização e vantagens locacionais; e 4) busca por ativos estratégicos: adquirir um conjunto estruturado de competências e adotar estratégias que proporcionem maiores vantagens competitivas, geralmente adquirindo ativos estratégicos voltados à inovação de produtos e canais de distribuição.

Nesse contexto, fornecemos aqui suporte para a elaboração do planejamento estratégico da nossa Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE), que completa uma década de integração ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). Esse marco representa um novo momento de industrialização do Ceará, ou seja, a convergência entre internacionalização produtiva e internalização das cadeias produtivas locais.

Para isso, três áreas-chave são fundamentais: a) formação de recursos humanos com as competências e habilidades exigidas pelas atividades exportadoras e pelos investidores estrangeiros; b) desenvolvimento de parcerias entre grandes empresas exportadoras locais ou multinacionais e fornecedores nacionais, a fim de promover ganhos de produtividade na economia; e c) assistência às empresas por meio de  serviços de extensão ou programas de apoio à qualidade, melhoria da produtividade e modernização tecnológica.

Sobre a internacionalização produtiva, recomendamos a leitura do trabalho do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a América Latina, disponível em: (https://encurtador.com.br/arE17).

(*) Mestre em Economia e doutor em Administração Pública e Secretário de Finanças e Planejamento do Eusébio-Ceará.

Fonte: O Povo, de 7/09/23. Opinião. p.19.

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