Por
Romeu Duarte Junior (*)
Senhoras e senhores, tomem seus lugares à frente da TV, do celular
e do computador que a corrida começou. Sim, será mais do mesmo, só que desta
vez o show está mais para hard core do que para voo de colibri. Em vez de
propostas exequíveis voltadas à resolução dos problemas desta sofrida cidade,
baixarias, memes, xingamentos, mentiras a granel e toda sorte de baboseiras.
Claro, os histriônicos postulantes a vereador de sempre já mostram as caras,
que sem eles o horário eleitoral não teria a menor graça. Por que concorrem, já
que não serão eleitos? Talvez por carência, quiçá por vontade de aparecer,
sabe-se lá. No quesito moda, tem do casual chic passando pelo street wear ao
canelau look. Em menos de um mês, o primeiro turno das eleições municipais.
Segurem-se...
As pesquisas estão completamente baratinadas, não se sabe se pelo
método investigativo delas ou pela falta de credibilidade de alguns institutos.
Numa, o aspirante a alcaide encontra-se avançado em relação aos seus
opositores; noutra, acha-se lá na rabeira, vá entender. Aliás, quem precisa de
pesquisa eleitoral para definir seu voto é gente que nunca teve educação
político-ideológica ou que há muito a rebolou na lata do lixo. Não será o
sujeito engomadinho com seu meloso discurso quem vai ganhar o eleitor consciente.
O formato debate/programa eleitoral/santinho está completamente superado pela
intensidade pantanosa das redes sociais, onde vicejam patranhas mil. As muitas
promessas que jamais serão cumpridas embrulham o estômago. Política baixa.
E quanto aos candidatos a prefeito? O atual ocupante do Palácio do
Bispo e concorrente à reeleição passou meses desaparecido da cidade e teve que
criar um personagem metido a descolado para se comunicar com o povo de Fort
City. Vai dar certo? Tenho as minhas dúvidas. O chefe dos amotinados, com seu
rosto de bom moço, que não engana ninguém. Aliás, os incautos é que se enganam
com ele. O deputado federal conhecedor da anatomia humana que se diz
anti-sistema. Se por anti-sistema se entende alguém que não reconhece nem
respeita a Constituição Federal e os poderes constituídos, tal como o seu
mentor, aí é caso de falta de decoro parlamentar a ser punida. O requerente que
aguarda ansiosamente pelo apoio da Loura, que talvez nunca venha. E o resto é
traço...
Anoto mentalmente essas impressões enquanto assisto na Praça do
Ferreira a um ato do Movimento Crítica Radical. Meus valorosos e combativos
amigos do grupo há muito elegeram a política e o capitalismo como entes dignos
de serem levados ao paredão. "Emancipação ou extinção!", bradam eles.
Ora, o que é isso senão uma forma de se fazer política? Eliminar a política
evitaria as disputas, tão caras aos seres humanos? Disse Platão que "não
há nada de errado com aqueles que não gostam de política; simplesmente serão
governados por aqueles que gostam". É do jogo, como dizem os sábios. A
tarde cai enquanto meu pensamento voa e pousa na peleja entre o pretenso Dono
do Mundo e o Togado Careca. Quem ganhará? Melhor merendar um pastel com caldo
de cana.
(*) Arquiteto e
professor da UFC. Sócio do Instituto do Ceará. Colunista de O Povo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/09/24. Vida & Arte. p.2.
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