Por Sofia Lerche Vieira (*)
Há semanas focos de incêndios se alastram pelo Brasil. Em cenário
apocalíptico, depois das chuvas torrenciais e das enchentes, vem o fogo. As
matérias da semana falam por si: "Pantanal pode deixar de existir até fim
do século, diz Marina Silva"; "Crise climática afeta área de
logística do Brasil, e empresas relatam perdas com prejuízo milionário";
"Governo do Acre suspende aulas em razão da intensidade da fumaça de
queimadas"... O clamor por medidas que salvem o planeta requer políticas
ambientais de âmbito global, nacional e local e um esforço coletivo que envolva
os governos e a sociedade civil.
As mudanças climáticas que vem devastando o planeta afetam a
economia e causam danos irreparáveis à vida nos mais diversos contextos.
Representam, ainda, uma das principais causas dos fluxos migratórios que levam
milhares de pessoas a deixar seu habitat natural em busca de sobrevivência em
condições menos adversas.
Os problemas associados a tal situação afetam de modo drástico
crianças e jovens em idade escolar, subtraindo-lhes o direito à educação. Além
do estresse contínuo, a suspensão de aulas e fechamento de escolas, gera
absenteísmo docente e discente, sendo motivo de fracasso escolar. O calor acima
da média, por sua vez, também causa danos à aprendizagem.
Não por acaso, diante de situação tão adversa, organismos
internacionais (Banco Mundial, BID, OCDE, UNESCO e Unicef) vêm produzindo
estudos sobre o nefasto efeito das mudanças climáticas na educação, buscando
identificar alternativas para mitigar tais problemas. As crises do clima são
motivadas por variáveis externas às escolas, estas, porém, são ambientes
propícios à compreensão e à ação sobre o tema. Além de "aprender a
conhecer" as mudanças climáticas, é preciso buscar soluções inovadoras e
politicamente responsáveis para a criação de uma consciência ecológica visando
a preservação da fauna e da flora e a sustentabilidade da vida no planeta.
Verdejar as escolas começa com pequenos passos. Aqui, um jardim; ali, uma
horta; acolá um bosque e/ ou um pomar. Essas e outras iniciativas demandam foco
das políticas públicas.
(*) Professora do
Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 9/09/24. Opinião. p.18.
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