O jornal O POVO, em sua
edição de 20/4/2021 (Cidades. p.15), publicou a matéria com a manchete "Expectativa
de vida no Ceará pode reduzir 2 anos por conta da pandemia", que
certamente causou a apreensão em muitos leitores desse importante veículo da
mídia cearense.
A matéria em epígrafe foi
fruto de um artigo "pre-print" intitulado "Reduction in the 2020 Life Expectancy in Brasil after Covid-19"
ou (Redução da expectativa de vida 2020 no Brasil após a Covid-19), cuja
primeira autora é a prestigiada pesquisadora Márcia Castro, portadora dos
diplomas de Mestrado em Demografia pelo Cedeplar e doutorado (PhD) em
Demografia pela Universidade de Princeton.
A brasileira Márcia Castro
é professora de Demografia e Chefe do Departamento de Saúde Global e População
da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard.
A vida média dos
brasileiros poderá sofrer queda por conta da pandemia de Covid-19. O
estudo estimou um declínio na expectativa de vida do brasileiro da ordem de
1,94 anos, resultando em regressão da mortalidade no Brasil aos níveis de 2009,
pondo fim um ciclo de décadas de constante crescimento da esperança de vida ao
nascer.
Especificamente para o
Ceará, segundo Castro et al., a estimativa é de um declínio de 2,09
anos, passando a expectativa de vida de 74,68 anos para 72,59 anos, em
decorrência da presente pandemia; para o estado de São Paulo a retração ficaria
em 2,17 anos.
No mesmo dia 20/04/2021, o
UOL, de São Paulo, publicou postagem dando conta de que a expectativa de vida
ao nascer no estado paulista diminuiu um ano em 2020, caindo de 76,4 anos em
1979 para 75,4 anos em 2000, de acordo com um estudo divulgado pela Fundação
Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), retrocedendo ao nível
observado há sete anos, entre os anos de 2012 e 2013.
Considerando que o estado
de São Paulo, até 2019, experimentava a cada ano um aumento de mais ou menos
dois meses em sua esperança de vida ao nascer, a diferença de 1,17 verificada
nos valores dos dois estudos é de grande monta.
Ambas as fontes são
consideradas confiáveis e cientificamente respeitadas, mas os achados
tão díspares podem ser resultantes de diferenças metodológicas ou nos dados
originais levantados em cada trabalho.
Passada a pandemia, convém
quantificar o quanto se perdeu em anos de vida dos brasileiros em
geral e dos cearenses em particular.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor titular de Saúde Pública-Uece
Fonte:
Publicado In: O Povo, de 2/04/2020. Opinião. p. 21.
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