segunda-feira, 3 de maio de 2021

PEQUENAS EMPRESAS PRECISAM DE APOIO

Por Alex Araújo (*)

As medidas restritivas adotadas para mitigar os efeitos da segunda onda de contaminação do Covid-19 trouxeram uma série de impactos para a saúde financeira das famílias e empresas, podendo mudar a natureza da atual crise sanitária, com reflexos econômicos e sociais de médio prazo.

Com a restrição ao funcionamento, muitos negócios pararam de faturar, mas ainda possuem várias despesas para pagar, como salários, fornecedores, impostos e empréstimos.

Além disso, a maioria das atividades praticamente não operou no ano passado, de modo que o quadro atual é um agravamento de uma situação que já era delicada.

As micro e pequenas empresas são a larga maioria dos negócios e responsáveis por mais de metade dos empregos formais do país - uma pequena empresa em dificuldade significa problemas para várias famílias que dela dependem.

No caso específico do Ceará, a malha econômica é formada, basicamente, por micro e pequenas empresas e essas são mais afetadas por conta do limitado capital de giro que possuem.

Elas precisam ter acesso a crédito e condições para ajustar os seus passivos, sob o risco de termos várias delas fechando de forma definitiva nos próximos meses.

Normalmente esperamos que soluções como essas venham do Governo Federal, mas acredito que exista um espaço para políticas locais, com a criação de fundos de garantias, que facilitem o acesso ao crédito por essas empresas, bem como o escalonamento de impostos e tributos municipais e estaduais.

Além disso, há questões estruturais que exigem a concertação de diferentes níveis e agentes públicos, tais como o tratamento das questões trabalhistas nesses tempos de pandemia, a execução de dívidas e o registro em cadastros creditícios, bem como a retomada da agenda de reformas, postergada com a urgência da crise.

A prioridade neste momento é o cuidado com a crise sanitária, mas não devemos perder de vista as repercussões de médio e longo prazo desse período tão conturbado na nossa história, sob o risco de deixarmos um péssimo legado para as gerações futuras. 

(*) Economista.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/3/2021. Opinião. p.24.

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