Por Alex Araújo (*)
As medidas restritivas adotadas para
mitigar os efeitos da segunda onda de contaminação do Covid-19
trouxeram uma série de impactos para a saúde financeira das famílias e
empresas, podendo mudar a natureza da atual crise sanitária, com
reflexos econômicos e sociais de médio prazo.
Com
a restrição ao funcionamento, muitos negócios pararam de faturar, mas
ainda possuem várias despesas para pagar, como salários,
fornecedores, impostos e empréstimos.
Além
disso, a maioria das atividades praticamente não operou no ano
passado, de modo que o quadro atual é um agravamento de uma situação que já era
delicada.
As
micro e pequenas empresas são a larga maioria dos negócios e responsáveis por
mais de metade dos empregos formais do país - uma pequena
empresa em dificuldade significa problemas para várias famílias que dela
dependem.
No
caso específico do Ceará, a malha econômica é formada,
basicamente, por micro e pequenas empresas e essas são mais afetadas por conta
do limitado capital de giro que possuem.
Elas
precisam ter acesso a crédito e condições para ajustar os seus
passivos, sob o risco de termos várias delas fechando de forma definitiva nos
próximos meses.
Normalmente
esperamos que soluções como essas venham do Governo Federal, mas acredito que
exista um espaço para políticas locais, com a criação de fundos de
garantias, que facilitem o acesso ao crédito por essas
empresas, bem como o escalonamento de impostos e tributos municipais e
estaduais.
Além
disso, há questões estruturais que exigem a concertação de diferentes níveis e
agentes públicos, tais como o tratamento das questões trabalhistas nesses
tempos de pandemia, a execução de dívidas e o registro em cadastros
creditícios, bem como a retomada da agenda de reformas, postergada
com a urgência da crise.
A
prioridade neste momento é o cuidado com a crise sanitária, mas não devemos
perder de vista as repercussões de médio e longo prazo desse período tão
conturbado na nossa história, sob o risco de deixarmos um péssimo
legado para as gerações futuras.
(*) Economista.
Fonte: Publicado
In: O Povo, de 19/3/2021. Opinião. p.24.
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