quarta-feira, 19 de maio de 2021

A SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE FORTALEZA

Por Vladimir Spinelli Chagas (*)

Em 1861, era inaugurada a Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, com 80 leitos disponíveis para uma população que, segundo relatos de época, não ultrapassaria 25 mil habitantes.

A sua atuação sempre foi reconhecida como um trabalho benemerente de largo alcance social, como foi a sua participação no grande flagelo da seca de 1915, esta imortalizada na grande obra da nossa cearense Rachel de Queiroz, "O Quinze".

A devoção em servir levou-a, já em 1925, a adquirir e implantar o primeiro sistema de radiologia do Ceará, com a instalação de um aparelho de Raio-X.

No seu primeiro centenário, a Santa Casa já havia agregado novos leitos, somando então 300 deles. Já os 110 anos foram festejados com a inauguração do seu Centro Cirúrgico, levando-a a liderar, no Ceará, diversos tipos de cirurgias. Naquele ano, a Santa Casa já tinha se desligado da Arquidiocese de Fortaleza.

Deu um novo grande passo quando, nos anos 80s, passou a atender pacientes do Sistema Único de Saúde - SUS, ainda hoje o maior percentual de atendimentos (95% dos 421 leitos), reforçando a característica social abraçada desde o começo.

Essa opção por pacientes do SUS, de outro lado, obviamente que desequilibra a relação receitas x despesas, tendo em vista que são valores sabidamente reduzidos.

Assim, a Santa Casa tem se dedicado à captação de recursos por outras fontes, como parcerias e doações, de forma a manter investimentos adequados ao cumprimento de sua missão de assistência à saúde resolutiva e disseminação de conhecimentos.

A Santa Casa almeja ser reconhecida pela sociedade por uma imensa lista de serviços prestados com qualidade e dedicação e, para isso, desenvolve um ambiente de trabalho que valoriza os seus atuais 886 colaboradores.

Com isto, no ano de 2020 alcançou números gratificantes, com cerca de 33 mil acolhimentos, 10 mil cirurgias, 200 mil exames, 23 mil hemodiálises e 10 mil quimioterapias.

Fica aqui, então, um desafio aos governos, para ampliarem seus apoios, que revertem no bem da população que representam e à sociedade, na forma de também aumentarem as suas doações voluntárias e indispensáveis. 

(*) Professor da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do CRA-CE.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 29/3/21. Opinião, p.22.

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