Por Maria Lúcia Duarte Pereira (*)
Penso que a Semana Universitária da Uece deixa de
ser um evento para se transformar em um programa estratégico da instituição,
construído em conjunto com a comunidade, num diálogo permanente, principalmente
no momento que estamos vivendo.
Precisamos reconhecer que a universidade e as
instituições que desenvolvem pesquisas, ligadas à produção do conhecimento e à
ciência têm sofrido ataque de negacionismo. Em face disso, a universidade
precisa se posicionar. Só assim compreenderemos melhor a realidade e poderemos
nela intervir de maneira transformadora. O futuro do Brasil depende da
educação, ciência, pesquisa, cultura, saúde e meio ambiente. Só assim podemos
ter uma sociedade livre, justa e solidária.
Mesmo num momento em que a educação se tornou alvo
das políticas de austeridade neoliberais e sua radicalização, com restrição
orçamentária imposta pela Emenda Constitucional nº 95, que institui o novo
regime fiscal, limitando as despesas e o custeio das universidades por 20 anos,
com negação da ciência e ataque às universidades, não podemos parar. A Uece
segue firme e acaba de acolher a sociedade apresentando a XXVI Semana
Universitária, com uma diversidade de eventos.
Destacamos a Feira das Profissões, em que alunos de
ensino médio têm a oportunidade de conhecer a universidade para, em um futuro
próximo, também participar e compartilhar com outros alunos o que a
universidade pública tem e como funciona o ambiente acadêmico.
Destacamos também a relação da Uece com
universidades dos países latino-americanos, voltada para pesquisadores, alunos,
docentes e gestores, fortalecendo o intercâmbio entre graduações e
pós-graduações, grupos de pesquisa, redes de cooperações e a
internacionalização como política necessária para o desenvolvimento da
pesquisa.
Paulo Freire nos estimula a uma perspectiva generosa
e de amorosidade para a educação. O seu modo amoroso de educar, abordando o
conceito de boniteza para explicar que as universidades são o espaço da palavra
verdadeira, "que é aquilo que desafia o poder, que não faz de si a feiura
ou o medo [de conformar-se com o que não é afeito a si], como afetos para
transformação que nosso tempo precisa".
(*) Enfermeira, pesquisadora do CNPq e Pró-reitora de
Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/11/2021. Opinião. p.16.
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