domingo, 28 de novembro de 2021

SEMANA UNIVERSITÁRIA DA UECE: crise x ciência

Por Maria Lúcia Duarte Pereira (*)

Penso que a Semana Universitária da Uece deixa de ser um evento para se transformar em um programa estratégico da instituição, construído em conjunto com a comunidade, num diálogo permanente, principalmente no momento que estamos vivendo.

Precisamos reconhecer que a universidade e as instituições que desenvolvem pesquisas, ligadas à produção do conhecimento e à ciência têm sofrido ataque de negacionismo. Em face disso, a universidade precisa se posicionar. Só assim compreenderemos melhor a realidade e poderemos nela intervir de maneira transformadora. O futuro do Brasil depende da educação, ciência, pesquisa, cultura, saúde e meio ambiente. Só assim podemos ter uma sociedade livre, justa e solidária.

Mesmo num momento em que a educação se tornou alvo das políticas de austeridade neoliberais e sua radicalização, com restrição orçamentária imposta pela Emenda Constitucional nº 95, que institui o novo regime fiscal, limitando as despesas e o custeio das universidades por 20 anos, com negação da ciência e ataque às universidades, não podemos parar. A Uece segue firme e acaba de acolher a sociedade apresentando a XXVI Semana Universitária, com uma diversidade de eventos.

Destacamos a Feira das Profissões, em que alunos de ensino médio têm a oportunidade de conhecer a universidade para, em um futuro próximo, também participar e compartilhar com outros alunos o que a universidade pública tem e como funciona o ambiente acadêmico.

Destacamos também a relação da Uece com universidades dos países latino-americanos, voltada para pesquisadores, alunos, docentes e gestores, fortalecendo o intercâmbio entre graduações e pós-graduações, grupos de pesquisa, redes de cooperações e a internacionalização como política necessária para o desenvolvimento da pesquisa.

Paulo Freire nos estimula a uma perspectiva generosa e de amorosidade para a educação. O seu modo amoroso de educar, abordando o conceito de boniteza para explicar que as universidades são o espaço da palavra verdadeira, "que é aquilo que desafia o poder, que não faz de si a feiura ou o medo [de conformar-se com o que não é afeito a si], como afetos para transformação que nosso tempo precisa".

(*) Enfermeira, pesquisadora do CNPq e Pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 26/11/2021. Opinião. p.16.

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