Por Lauro Chaves Neto (*)
As boas práticas ambientais, sociais e de
governança, consolidadas como a cultura ESG, sigla que significa
Environmental, Social and Corporate Governance em inglês, vem se disseminando
no mundo dos negócios.
Dos três eixos ESG, a governança é a vertente mais
familiar no meio empresarial, a área ambiental também ganhou
adeptos com iniciativas implantadas, porém a área social é onde ocorrem menos
ações, predominando a ideia de que essa é uma responsabilidade essencialmente
do poder público.
Esse raciocínio é verdade tanto na visão micro das
decisões dentro das empresas, quanto na visão macro para o direcionamento dos
recursos dos fundos de investimentos.
Os Fundos Internacionais, a cada dia, reforçam a
importância do ESG, porém mantêm recursos em países, cuja atuação é polêmica na
área de direitos humanos. Arábia Saudita, Rússia, Egito e China são
exemplos claros desse dilema.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
da ONU deviam ser o guia do "S", porém o seu
primeiro enunciado, o de erradicação da pobreza, é tratado subliminarmente por
grande parte do setor produtivo e nenhum fundo de investimento o menciona em
suas políticas.
O "S" pode e deve receber maior atenção
para a obtenção dos resultados esperados da cultura ESG, para isso é
possível separar as iniciativas entre aquelas de caráter
interno ou externo às organizações.
Externamente é possível usar a expertise para
ajudar na elaboração de iniciativas públicas de combate à pobreza e na
redução das desigualdades, incluir no seu mix produtos capazes de
melhorar a qualidade de vida dos mais vulneráveis e ainda atuar diretamente em
projetos sociais.
Internamente, deve-se melhorar as condições e as relações
de trabalho, estimular as políticas de inclusão e diversidade dentro e fora
das empresas, garantir a privacidade e segurança de dados, promover impacto
positivo no seu entorno, além de respeitar os direitos humanos.
O roteiro acima é uma amostra do longo caminho a
ser percorrido até que a cultura ESG passe a gerar efeitos positivos e prove
que é para valer e não mais um modismo ou marketing no mundo
dos negócios.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 23/8/21. Opinião. p.22.
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