quarta-feira, 24 de novembro de 2021

POLÍTICAS PÚBLICAS NO PÓS-PANDEMIA

Por Sofia Lerche Vieira (*)

pandemia foi caracterizada como "a pior crise sistêmica já vivida no planeta" no último século (PNUD. Unesco. Unicef, 2021). Para além da tragédia da perda de milhões de vidas, seus efeitos devastadores aprofundaram as desigualdades, pondo em xeque conquistas sociais que pareciam permanentes.

O Brasil já se defronta com expressivo aumento do número de pessoas abaixo da linha de pobreza e retrocessos significativos no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Conceber políticas públicas para superar tais problemas é desafio para governos e sociedade.

No campo da educação, o caráter errático da União nos últimos três anos tem comprometido seu papel na "formulação e coordenação da política nacional de educação" (LDB, Art. 8° § 1). Reveses também ocorreram no pleno exercício do "regime de colaboração" com estados e municípios (CF, Art. 211 e LDB, Art. 8°).

Como em política não há vácuo, o ambiente de incerteza e instabilidade a nível federal ampliou o protagonismo dos demais entes federados, através do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) que buscaram rumos conjuntos e soluções criativas para enfrentar dificuldades associadas à pandemia nas redes públicas de ensino.

A agenda de políticas para o pós-pandemia requer iniciativas voltadas para o sistema educacional como um todo (políticas universais), assim como ações de equidade direcionadas às populações mais atingidas pela pandemia (políticas distributivas).

É inadiável fortalecer os sistemas de avaliação já existentes e incorporar novas funcionalidades para dimensionar necessidades e demandas emergentes nesse contexto. Se o ensino remoto foi conquista para muitos, a grande maioria de crianças e jovens sofreu incalculáveis perdas de aprendizagem.

Por outro lado, é inadiável prever especial suporte aos segmentos mais vulneráveis da população, beneficiando estudantes, seus familiares e apoiando escolas em territórios socioespaciais mais atingidos pelas desigualdades. Sejam quais forem as circunstâncias, não há soluções fora da pedagogia. 

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/10/21. Opinião, p.22.

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