sexta-feira, 12 de novembro de 2021

FOLCLORE POLÍTICO LXIII: Porandubas Políticas 615

Abro a coluna com a historinha de Cabralzinho.

Ladrões…

Cabralzinho, líder estudantil em Campina Grande, foi passear em Sobral, no Ceará. Chegou em dia de comício. No palanque, longos cabelos brancos ao vento, o deputado Crisanto Moreira da Rocha, competente orador da província:

– Ladrões!

A praça, apinhada de gente, levou o maior susto.

– Ladrões! Ladrões, porque vocês roubaram meu coração!

Cabralzinho voltou para Campina Grande, candidatou-se a vereador. No primeiro comício, lembrou-se de Sobral e do golpe de oratória do deputado, fechou a cara, olhou para os ouvintes com ar furioso:

– Ladrões!

Ninguém se mexeu. Cabralzinho sabia que política em Campina Grande era briga de foice no escuro. Queria o impacto total.

– Cambada de ladrões!

Foi uma loucura. A multidão avançou sobre o palanque. Pedra, pau, sapatos. O rosto sangrando, acuado, Cabralzinho implorava:

– Espera que eu explico! Espera que eu explico!

Explicou ao médico, no hospital.

Fonte: Gaudêncio Torquato (GT Marketing Comunicação).

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