Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
Entendemos
por política monetária a fixação de determinados instrumentos pelas
autoridades, visando ao controle dos meios de pagamentos. Dessa maneira, o
objetivo básico é influenciar o nível de oferta de moeda, mediante mecanismos
expansionistas ou contracionistas. Ao longo do tempo, aqui no Brasil, foram
usados instrumentos como as operações de redesconto e de mercado aberto, os
recolhimentos compulsórios, principalmente com relação aos depósitos à vista e
as modificações diretas nas taxas de juros. A Utilização desses instrumentos
pode variar de governo para governo e de época para época. As dificuldades com
a aplicação da política monetária estão associadas à complexidade dos elementos
integrantes do mercado financeiro e, notadamente, à existência, quase sempre,
de objetivos conflitantes relacionados com crescimento econômico, inflação e
emprego. De maneira geral, pode-se dizer que os principais efeitos da política
monetária são levados ao setor real da economia por meio de alterações nas
taxas de juros e na disponibilidade de crédito. As principais aplicações da
política monetária dizem respeito a três situações: tendência deflacionista,
tendência inflacionista e déficits orçamentários. No Brasil, nos últimos anos,
com receio da volta da inflação, as autoridades vêm adotando políticas
contracionistas, ou seja, reduções na oferta de moeda, motivando o desestímulo
à produção, à redução do nível de emprego, bem como ao arrefecimento da
procura. Vale ressaltar que uma política monetária fortemente antiinflacionária
pode levar a economia de um país de uma situação com perspectiva de elevação de
preços para uma depressão. Dessa forma, sua aplicação deve ser feita,
criteriosamente, levando-se em conta uma dosagem adequada, como também as
peculiaridades sociais do país. Por outro lado, acreditamos que a política
monetária, isoladamente, apresenta eficiência duvidosa, sendo que sua aplicação
deve ser concretizada dentro de uma política econômica ampla, abrangendo
componentes fiscais, cambiais etc. Ademais é preciso levar em consideração o
tipo de inflação, isto é, se de demanda, de custo ou setorial. Outro ponto
significativo, por exemplo, diz respeito à estrutura de passivo das empresas,
de vez que unidades pouco capitalizadas necessitam de empréstimos a qualquer
taxa de juros, transferindo o custo financeiro para os compradores, o que
poderá realimentar um processo inflacionário em vez de conter. Por fim,
consideramos, de um lado, ser a inflação um processo circular em que é difícil
o estabelecimento de relações de causalidade e, por outro, que a interação
existente entre as forças de mercado, mesmo diante de interferências das
autoridades governamentais, pode distorcer a sistemática de análise.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC.
Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, 30/06/2023. Ideias.
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