Por Lauro Chaves Neto (*)
O ministro da
Fazenda, Fernando Haddad foi feliz quando afirmou que a política econômica é
uma só, composta pelas políticas monetária, fiscal, cambial e de rendas
que são interligadas e se influenciam mutuamente.
Quando estudamos
economia, aprendemos que as expectativas representam umas das principais
variáveis para a elaboração de cenários, e que os agentes econômicos
sempre reagem, ou para influenciar ou para se defender.
A geopolítica
internacional tem deteriorado as suas expectativas. O cenário para as
principais economias não é dos melhores, com a Europa indo para uma recessão e
a China tentando reverter a possibilidade de um crescimento menor. Mesmo para
os EUA, com recentes resultados positivos, os cenários elaborados têm variado
bastante.
A campanha
eleitoral nos EUA, as Guerras na Ucrânia e em Israel, além do receio de algum conflito
em Taiwan, elevaram a percepção de risco, o que traz preocupação crescente
com os seus impactos na inflação e no crescimento no mundo.
Se as questões
externas já são preocupantes, o enfraquecimento do arcabouço fiscal, com
o aumento das chances de mudança da meta fiscal, coloca em dúvida a evolução da
conjuntura positiva de 2023 com crescimento da atividade acima do esperado,
redução da inflação e ciclo de queda dos juros.
Já no primeiro
ano da nova regra fiscal, teríamos uma alteração na meta visando reduzir
o contingenciamento orçamentário, sinalizaria que qualquer comprometimento com
as metas futuras passaria a ter a credibilidade de um risco n'água.
O próprio
arcabouço é enfraquecido, já que, se não há empenho com as metas, o mesmo deve
valer para o cumprimento do limite de crescimento real das despesas,
estabelecido com a nova regra fiscal.
As recentes
declarações do presidente Lula sobre a meta de zerar o déficit primário,
proposta pelo seu próprio governo, já impactou a curva de juros futuros e as
expectativas. A política fiscal afeta as decisões sobre os juros básicos, tanto
pelos seus impactos na demanda agregada como pela sua influência na percepção
do risco, impactando também a política cambial, as expectativas de inflação e a
política de rendas.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 13/11/23. Opinião. p.18.
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