Por Pe.
Reginaldo
Manzotti (*)
Finados é uma das comemorações mais antigas da Igreja Católica,
destina-se a rezar pelos fiéis defuntos, ou seja, aqueles que morreram na graça
e na amizade de Deus, mas que ainda não estão plenamente purificados para
entrar no céu.
É um dia sensível que vem acompanhado de recordação, saudade,
ternura, e, claro, desperta uma certa tristeza. Mas, também é um dia para
recordar que somos peregrinos neste mundo, que temos uma pátria definitiva no
céu, onde nos espera o Pai misericordioso e os nossos irmãos na fé.
Finados é um dia para renovar a nossa esperança na ressurreição dos mortos e na
vida eterna.
Embora a morte seja a única certeza que temos na vida, porque é
algo inevitável e todos um dia passaremos por ela, encará-la com serenidade é
um desafio para todo ser humano. Porém, para quem crê a morte não é o fim, mas
uma passagem para a vida plena com o Senhor. "Disse-lhe
Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra,
viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá eternamente. Você crê nisso?"
(Jo 11,25-26). Quem crê em Jesus tem a vida eterna, que é um relacionamento
pessoal com Deus, que começa já aqui e se estende pela eternidade (cf. Jo
3,16).
Diante da morte de alguém, nos damos conta de que a nossa vida é
finita. Só se nasce e só se morre uma vez, como afirma a Carta aos Hebreus:
"E, assim como cada pessoa está destinada a morrer uma só vez, e
depois disso vem o julgamento" (Hb 9,27). Então, não vamos ter
outra oportunidade de conversão; tem que ser aqui e agora.
A vida é um dom valioso de Deus, mas devemos olhar para a morte
também como um dom, pela ótica da Ressurreição de Cristo. Se tudo se resumisse
a este tempo de vida que experimentamos aqui, seria desalentador. Por isso,
quando Jesus entrou em nossa história e Se aproximou da humanidade, foi para
nos reconciliar com Deus e acabar com aquilo que Ele não queria: a morte
eterna. Foi para vencê-la que Jesus Cristo entrou no mundo.
A morte teve um autor, o Diabo. Então, quando Cristo
experimentou-a, Ele a rompeu e trouxe de volta a primeira Criação. Nós
recuperamos a qualidade de filhos co-herdeiros da Graça. Como afirmou o Apóstolo
Paulo: "E se somos filhos, somos também herdeiros; herdeiros de Deus e
co-herdeiros de Cristo, pois sofremos com ele para também com ele sermos
glorificados" (Rm 8, 17). Portanto, o que nos espera é um lindo Céu:
Deus. Essa é a nossa fé.
Claro que é muito doloroso perder alguém querido. A perda
sofrida deve ser assim transmutada em um "até breve" e, quando o
momento assim chegar, nosso reencontro será muito festejado e não
haverá mais lugar para choro nem tristeza.
Até que esse dia chegue, é oferecida a nós a graça de rezar
pelos que partiram, correspondente ao que chamamos de Comunhão dos Santos.
"Em virtude da Comunhão dos Santos, a Igreja recomenda os defuntos à
misericórdia de Deus e oferece em favor deles sufrágios, particularmente o
santo sacrifício eucarístico" (CIC §1055).
Para quem crê, sabe esperar e manter-se firme, com fé e
esperança, como Maria ficou aos pés da cruz, definitivamente, a morte não é o
fim. É apenas uma passagem para a vitória final.
(*) Fundador e presidente da
Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de
Guadalupe, em Curitiba (PR).
Fonte: O Povo, de 4/11/2023.
Opinião. p.18.
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