Por Gesner de Oliveira (*)
Os
números falam por si só sobre a importância da vacina na defesa da vida.
Foram evitadas 500 mortes por dia nos primeiros quatro meses após o aumento da
cobertura vacinal em 2021, chegando a salvar 600 vidas no segundo quadrimestre
subsequente, segundo estudo econométrico realizado pela GO Associados.
A
vacina termina com a escolha de Sofia entre a proteção contra a Covid-19 e
o emprego e renda das famílias. De acordo com o mesmo estudo, cada R$ 1,00
investido em vacina em 2021 gerou R$ 9,00 em ganho no PIB. O governo investiu
cerca de R$ 22 bilhões em vacinas em 2021, o que possibilitou obter um ganho de
R$ 200 bilhões no PIB. O modelo captou o efeito da vacina sobre a circulação
das pessoas e a correlacionou com a atividade econômica medida
pelo PIB, permitindo chegar à mencionada relação de R$ 1,00 de custo para R$
9,00 de benefício.
Assim,
a imunização da população deveria ter máxima prioridade na política
pública para combater e sobretudo prevenir contra novas epidemias e
várias outras doenças preveníveis, como o sarampo e a poliomelite.
É
muito mais eficiente arcar com os investimentos de um plano de imunização do
que correr o risco de enfrentar uma nova pandemia. Dados da Secretaria do
Tesouro Nacional e Portal da Transparência apontam para o
elevado montante de R$ 660 bilhões gastos no combate à Covid-19!
Os
resultados obtidos a partir de estudo de vacinação em massa em Serrana no
interior do estado de São Paulo trouxeram ainda mais evidências acerca da
importância da vacina para salvar vidas. A aplicação de uma
técnica estatística chamada de controle sintético mostrou que a adoção da
vacinação em massa naquele município conseguiu reduzir em até 48% o número de
óbitos.
Diante
de tais evidências, não pode haver dúvida quanto à necessidade de imunizar
a população, não apenas em relação à Covid-19, mas para um conjunto de doenças
preveníveis.
Não
se pode baixar a guarda em relação à vacinação. Urge mobilizar sociedade
e governo para reforçar aquilo que o Brasil demonstrou que pode fazer
com competência: proteger sua população através de planos regulares de
vacinação. Neste sentido, três iniciativas são particularmente importantes: (i)
recuperar o atraso da vacinação contra a Covid 19 nas faixas mais jovens e nas
regiões Norte e Nordeste; (ii) investir mais no setor de saúde, em especial
para fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS); e (iii) conscientizar a
população e combater a desinformação (fake news), mostrando
como prevenir é muito menos custoso do que remediar. Tanto em vidas quanto em
renda e emprego.
(*) PhD em Economia pela Universidade da
California (Berkeley). Sócio da G0 Associados, professor da FGV e membro da
Academia Internacional de Direito e Economia. assessoria,fgv@insightnet.com.br
Fonte: O Povo, de 22/7/22. Opinião. p.23.
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