Por Alexandre Sobreira Cialdini (*)
O economista Paul
Krugman cravou uma frase bastante conhecida no meio dos economistas: "No
curto prazo, a produtividade do trabalho não é nada. No longo prazo, é
tudo". A produtividade do trabalho é definida como o produto interno bruto
(PIB) real por hora trabalhada. Essa fórmula capta melhor a utilização
de fatores de trabalho do que apenas a produção por trabalhador, sendo o fator
de trabalho definido como o total de horas trabalhadas por todas as pessoas
envolvidas. Os dados são obtidos como a média de horas trabalhadas multiplicada
pela medida correspondente e consistente de emprego para cada país específico.
A previsão baseia-se numa avaliação do clima econômico em cada país e na
economia mundial, utilizando uma combinação de análises baseadas em modelos e
pareceres de peritos. Em síntese, a produtividade de um trabalhador é
sua capacidade de produzir mais com menos recursos. Na prática, significa
otimizar o trabalho e entregar mais resultados com menor esforço – em menos
tempo.
Os mercados de
trabalho têm demonstrado uma resiliência surpreendente, apesar da deterioração
das condições econômicas. No entanto, a recuperação da pandemia continua a ser
desigual, uma vez que as novas vulnerabilidades e as múltiplas crises comprometem
as perspectivas de mais justiça social, de acordo com um novo relatório da
Organização Internacional do Trabalho (OIT) ((https://encurtador.com.br/qBH38).
Segundo o estudo da OIT, no período entre 2015 e 2023, a produtividade do
trabalho no Brasil avançou 0,1% ao ano, enquanto recuou 1,7% anuais na
Argentina e 0,4% no México, por exemplo. A queda média na região da América
latina e Caribe foi de 0,5% ao ano no período. Apesar de ganhar na América
Latina, o Brasil fica bem abaixo dos Estados Unidos, que cresceu a 1% e do
Canadá, que cresceu na média 0,4%.
As transformações
estruturais e sistêmicas, econômicas e institucionais precisam fazer
parte da agenda diária, como é o caso da reforma tributária, para que o país
saia da prisão da "armadilha da renda média", em que o baixo dinamismo
produtivo e o envelhecimento populacional induzem o acirramento de conflitos
distributivos e impõem novas pressões sobre um Estado, com dificuldades
crescentes para se financiar e executar políticas públicas.
Sem caracterizar
um clichê, há um ciclo virtuoso entre produtividade e inclusão, que inclui
também a sustentabilidade. Uma economia mais produtiva usa menos recursos. No
caso do Brasil, isso significa reduzir o desmatamento, que atualmente é
a principal contribuição do país para as mudanças climáticas.
Para promover o
crescimento inclusivo e sustentável, existem pelo menos seis áreas críticas
para a reforma: (1) aumentar a produtividade no setor privado, para impulsionar
o crescimento de uma forma ambientalmente sustentável; (2) preparar o sistema
educacional brasileiro, para diminuir a lacuna entre habilidades e
empregos; (3i) reforçar a pertinência e a sustentabilidade dos sistemas de
proteção social para os desafios futuros; (4) remodelar o espaço limitado da
política orçamentária de hoje, em consonância com as prioridades a longo prazo;
(5) melhorar o acesso aos serviços de infraestrutura; e (6) construir um
sistema tributário mais equitativo e eficiente. As reformas só podem ser
empreendidas se forem suficientemente apoiadas pela sociedade brasileira. Isso
requer fortalecer o contrato social do Brasil, para fornecer a confiança
necessária de que as reformas beneficiarão a todos no longo prazo.
(*) Mestre em
Economia e doutor em Administração Pública e Secretário de Finanças e
Planejamento do Eusébio-Ceará.
Fonte: O Povo, de 4/04/24. Opinião. p.21.
Nenhum comentário:
Postar um comentário