Por Heitor Férrer (*)
Certa
vez, li uma reportagem, por ocasião de um documentário dirigido por Patrícia
Pillar, que menciona que ela se aproximou de Waldick Soriano em um restaurante,
o abordou e questionou se, pelo fato de ele ter tido várias mulheres, várias
namoradas, vários amores, ele se considerava um homem feliz. Ele levanta seu
chapéu, encara a interlocutora e diz: "Moça, ainda hoje estou à procura
dessa tal felicidade". Essa é a felicidade pessoal, íntima, buscada por
cada ser humano. É a felicidade dos sentimentos, não é a felicidade coletiva de
uma nação.
O
mundo, com suas mentes brilhantes, faz estudos a todo momento e um que me
impressiona é o estudo da felicidade interna bruta de um país, cujos
indicadores mais utilizados são o PIB - Produto Interno Bruto, que mede a
riqueza produzida pelo país em um determinado período de tempo e o IDH - Índice
de Desenvolvimento Humano, que analisa três variáveis - saúde, renda e
educação. Avalia também a percepção da corrupção.
Desde
quando entrei na vida pública, em 1989, vejo governantes nas esferas municipal,
estadual e federal na busca incessante de arrecadar mais, de aumentar tributos
e até de criar outros.
Os que
produzem riquezas, empresários, industriais e comerciantes convergem para
aumentar o nosso PIB, e o governo se aproveita para dizer ao mundo que nos
tornamos mais ricos, mais pujantes, criando-se a expectativa de resultados na
qualidade de vida dos maios sofridos, dos que vivem à margem dos avanços dessa
riqueza.
Desde
Colônia, passando pelo Império, República, República Velha e Nova República,
avançamos a passos lentos na nossa FIB. Finlândia, Dinamarca, lslândia e Suécia
são os campeões de felicidade. O Brasil, 9º país mais rico do mundo, 2º PIB das
Américas, no ranking da felicidade está na 44ª posição dentre 137 nações.
Estamos atrás do Uruguai e do Chile. Nona maior economia do mundo, 8º maior
produtor de petróleo, 5º maior território do planeta, 4º maior produtor de
grãos, o Brasil, assim como Waldick Soriano, continua à procura dessa tal
felicidade.
Senhores
governantes, não é por falta de dinheiro que não se dá à sociedade a felicidade
interna bruta que ela almeja e a que tem direito.
(*) Médico
e ex-Deputado estadual (Solidariedade).
Fonte: Publicado In: O Povo, de 5/04/2024. Opinião. p.21.
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