Por
Saraiva Junior (*)
A instalação da Rede
Ferroviária Cearense em Senador Pompeu (a 265 km de Fortaleza) no ano de 1900 é
um marco na história da cidade. O trem chegou para impulsionar o
desenvolvimento da região, realizando o transporte de algodão, milho, feijão,
cera de carnaúba, gado e peles de animais do sertão para Fortaleza. Além disso,
o trem de passageiros facilitou o deslocamento das pessoas entre as cidades do
estado do Ceará.
No comboio, vieram bancos
financeiros, fábricas de descaroçamento de algodão, escolas, hotéis e um
hospital. Houve o aumento do número de empregos e uma evidente melhoria na
qualidade do ensino nos colégios Cristo Redentor e Nossa Senhora das Dores.
Tais instituições atraíram famílias dos arredores para a cidade. Esse foi o
período áureo de Senador Pompeu.
Com a chegada da praga
do "bicudo", inseto que se propagava rapidamente pelas plantações e
destruía a flor do algodão, deu-se o início da decadência de Senador Pompeu. O
avanço da tecnologia do plástico e o investimento do governo nas estradas
asfaltadas, beneficiando a indústria automobilística, de certa forma
interrompeu o ciclo de desenvolvimento econômico da cidade.
Para muitos, o projeto
da nova ferrovia denominada Transnordestina — com o objetivo de conectar o
Porto do Pecém (Ceará) à cidade de Eliseu Martins (Piauí) e ao Porto de Suape
(Pernambuco) — traria o acalentado retorno do progresso de Senador Pompeu. Uma
vez que o município seria contemplado com um Porto Seco. Vale salientar que,
atualmente, o município já não exporta algodão, cera de carnaúba, milho e
feijão. Pela Transnordestina, chegariam grãos, fertilizantes, cimento, minério
e combustíveis.
Senador Pompeu vai
exportar apenas sapatos das empresas que vieram do Sul do país, devido aos
incentivos fiscais e apoiadas na mão de obra barata de nossos operários. Aquele
que imagina tomar o trem na estação de Senador Pompeu está enganado, pois o
projeto não prevê trem de passageiros, nem sequer uma estação.
Talvez o real trem que
um dia encaminhará novamente Senador Pompeu pelos trilhos do desenvolvimento
seja o da educação, através da implementação de uma universidade pública.
(*) Escritor e
ex-conselheiro do Conselho de Leitores de O Povo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 2/03/24. Opinião. p.14.
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