Ô jardineira...
Numa
cidadezinha do norte do Rio de Janeiro, a procissão de Senhor Morto caminhava
lenta e piedosa, na sexta-feira da paixão, com o povo cantando, de maneira
compungida, os hinos sacros. O velho padre na frente, o sacristão ao lado e os
fiéis atrás, cantando as músicas que o vigário puxava. De repente, um pequeno
ônibus, antigamente chamado de "jardineira", passou perto e começou a
subir a íngreme ladeira da igreja, bem em frente da procissão. No meio da
ladeira, a "jardineira" afogou, encrencou, parou, deu aceleradas
fortes e inúteis e começou a rodar para trás, de costas. Os fiéis não viram,
mas o padre, atento, viu. E ficou apavorado. A "jardineira" já
despencava em grande velocidade. O padre gritou:
- Olha a
jardineira!
E os
fiéis começaram a cantar, em ritmo de samba:
- Ô
jardineira, por que estás tão triste? Mas o que foi que te aconteceu? Foi a
camélia que caiu do galho, deu dois suspiros e depois morreu.
A
"jardineira" descambou ladeira abaixo, até que parou. Não atropelou
ninguém. Sob o olhar do Senhor Morto! Mas os fiéis não aguentavam de tanto rir.
Fonte: Gaudêncio
Torquato (GT Marketing Comunicação).
https://www.migalhas.com.br/coluna/porandubas-politicas/384304/porandubas-n-802
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