Por Luiz Eduardo Girão (*)
Enquanto cabeças
literalmente rolam nos corredores dos hospitais e facções desfilam armadas
"até os dentes" diante da covardia de parlamentares aliados ao
governo petista cearense, nos "iluminados" corredores da Assembleia
Legislativa, deputados que deveriam confrontar a Enel, concessionária responsável
pelo fornecimento de energia do Estado, voltam as costas para a população e
tentam descaradamente patrocínios milionários, "justamente" de quem
eles deveriam investigar. Conflito de interesse mais flagrante eu nuca vi.
A ENEL carrega o obscuro
título de campeã em reclamações, que vão desde a falta de energia até cobranças
irregulares e, por isso, já foi multada 11 vezes, totalizando a exorbitante
quantia de 85 milhões de reais. Eu mesmo já trouxe o Senado Federal até
Fortaleza há dois anos, para debater com meus conterrâneos sobre esse descaso
da Enel.
Agora o mais grave,
depois de tantas crises, finalmente foi instalada uma CPI na Assembleia
Legislativa. No entanto, o presidente da Comissão, deputado Fernando Santana,
figura como intermediador junto a Enel de uma doação de 1 milhão de reais ao
município de Barbalha, com o objetivo de financiar uma festa junina.
Em um outro extremo,
vemos a escalada descontrolada da violência na "Terra da Luz". E não
falo de furtos e roubos que ocorrem aos milhares enquanto a população fica
acuada. Falo da matança impune que faz escorrer sangue das vítimas pelas ruas
sombrias de Fortaleza, a 2ª cidade mais violenta do Brasil e a 9ª com mais
assassinatos do mundo (Fontes: Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça
Penal e World Índex).
O crime de morte, antes
justificado pelo fato das pessoas assassinadas estarem ligadas às facções
criminosas que tomaram o Ceará pela fraqueza da oligarquia política do PT e
PDT, agora é cometido por pessoas tidas como comuns e até em hospitais. Foi o
que o fortalezense assistiu atônito, no mês passado, nas dependências do maior
hospital de emergência do Ceará.
Enquanto isso, descansa
na gaveta do presidente da Assembleia, deputado Evandro Leitão, a CPI do crime
organizado. Nesse caso, Evandro justifica a sua omissão por temer a ação das
facções contra ele e a sua família. Só espero que, semelhantemente ao seu
aliado que se socorreu financeiramente com quem deveria investigar, o
presidente da Assembleia não busque associação eleitoral com o crime que
deveria ser enfrentado.
(*) Empresário. Senador pelo Podemos/CE.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 10/05/24. Opinião, p.19.
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