Por Cláudia Leitão (*)
"Menos planos e
mais protótipos"! Esse conselho/advertência está entre as mensagens que
trocamos, eu e Antonio Lafuente, na véspera do lançamento do Programa Kariri
Criativo. No Centro Cultural Sérvulo Esmeraldo, em meio aos sons dos
pífanos e à algazarra dos brincantes, três mulheres - a ministra Margareth
Menezes, a secretária de cultura Luísa Cela e a superintendente do BNB Eliane
Brasil - anunciaram a construção/implementação de um protótipo de economia
criativa no Cariri cearense, mas, na verdade, inauguraram um novo tempo.
Graças à nova instrução
normativa que institucionaliza uma nova calha da Lei Rouanet, a cultura se
reaproxima do território brasileiro. Trata-se do fortalecimento das dinâmicas
econômicas do criar, produzir, distribuir e consumir bens e serviços culturais,
em favor do desenvolvimento sustentável local e regional. Mudanças
estruturantes quase sempre acontecem de forma imperceptível, escapando aos usos
populistas, tão comuns à vida política.
Embora lançada no
município do Crato sem alarde, a "Rouanet dos Territórios Criativos"
é um marco estratégico na história das políticas públicas para o fomento da
cultura no Brasil. Seus impactos somente serão mensuráveis a médio e longo
prazos.
O Programa Kariri
Criativo, estruturado por dois eixos - educação e território- parte da seguinte
premissa: o protagonismo de indivíduos e comunidades criativas é uma condição
necessária, mas não suficiente para a categorização de "territórios criativos".
Necessitamos, isto sim,
de políticas públicas que apoiem, no território, novas formas de gerir
recursos, eleger patrimônios, relacionar-se com o entorno, a partir e por meio
da economia criativa. Graças a "Rouanet dos Territórios Criativos", o
Programa Kariri Criativo contribuirá para uma nova ecologia das dinâmicas
econômicas dos produtos culturais da região, em favor em favor da dignidade e
da cidadania de suas populações.
Enfim, o melhor é saber
que esse protótipo abre caminho para muitos outros que virão! Quem sabe não
teremos um "Brasil Criativo", desta feita construído de baixo para
cima, a partir das diversas regiões brasileiras? Quem viver verá!
(*) Cientista Social. Professora da Uece. Sócia da Tempos de Hermes
Espaço Criativo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/06/24. Opinião. p.20.
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