Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
Mino, Hermínio Castelo Branco, é o tipo de pessoa que se
pode dizer ser unanimidade, amigo- irmão de todo mundo. Assim o considero e
tenho respeito e admiração, não só por seus dons artísticos, mas por possuir um
excelente caráter. Certa vez, eu governava o Estado do Ceará e fui procurado na
residência oficial pelo Mino. Contou-me como sempre, de forma humilde,
característica dos bons, o seguinte fato. Não para reclamar de alguém, pelo
contrário, mas para me fazer um apelo. O então secretário de Educação, professor
Ubiratan Aguiar pediu a ilustração gráfica de uma cartilha educacional para os
alunos da rede pública estadual. A cartilha ficou perfeita graças à dedicação
do eminente secretário e às concepções artísticas do amigo Mino. Ubiratan disse
ao Mino que procurasse o Dr. Firmo de Castro, Secretário da Fazenda, para fazer
o pagamento do trabalho. Ao chegar no gabinete do competente e dinâmico
Secretário Firmo de Castro, apresentou a nota de prestação do serviço e
solicitou a remuneração devida. Firmo, como excelente gestor, ficou espantado e
disse: Mino, vamos refazer o processo para não haver nenhum problema. Mino
ficou triste, mas entendeu as ponderações do Firmo. Alguns dias se passaram e a
situação financeira do Mino era bastante difícil. A Inês, esposa do Mino,
queria fazer a feira e o dinheiro era curto. O processo, obedecendo aos
trâmites corretos, ainda não se na hora de pagamento. Restou ao Mino procurar o
Governador e fazer o justo apelo. Ouvi com atenção e carinho o querido Mino.
Telefonei para os dois Secretários e ambos me disseram que o pagamento seria
feito, porém havia a burocracia do setor público. Diga ao Mino que tenha calma,
pois ele vai receber. Disse-me o Mino: Gonzaga amigo, o que fazer, minha
geladeira está vazia. Nesse momento entra no gabinete o eficiente Chefe da Casa
Civil, Dr. Arthur Silva, com cheque referente aos meus honorários. Mino ficou
olhando... Eu disse, depois e endossar o cheque, vá trocar no Banco, fique com
metade e a outra traga para mim. A minha metade você me paga quando o Estado
lhe pagar. Não comente nada com a Mirian, minha mulher. Ficou muito feliz e,
realmente me pagou. Assim é a vida.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, 15/03/2024. Ideias.
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