Os professores Valter
Filho, Cidianna Nascimento, Gislei Frota, Carla Brandão e Paulo Sávio Magalhães
são os pesquisadores responsáveis pela pesquisa. (Foto:
Ramó Alcântara/Uece).
Estudo de pesquisadores da Universidade
Estadual do Ceará busca compreender nível de efetividade do composto químico no
tratamento do Transtorno do Espectro Autista; resultados devem ser divulgados
no final do ano.
Pesquisa da Universidade
Estadual do Ceará (Uece) sobre o uso de canabidiol no tratamento de Transtorno
do Espectro Autista (TEA) receberá financiamento do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O estudo ficou entre os
três mais bem avaliados do País no edital publicado em dezembro de 2023 e busca
compreender os níveis de eficácia de uso do composto em pacientes
diagnosticados com TEA.
A pesquisa será feita
por meio da seleção de diversos artigos científicos já publicados sobre o tema,
e análise dos diferentes conhecimentos contidos neles. Até o momento, cerca de
500 artigos já foram filtrados para o estudo.
O investimento do CNPq
irá auxiliar o custeio de materiais tecnológicos e humanos para o progresso da
pesquisa, como compra de softwares, pagamento de bolsas estudantis, além da
contratação de bibliotecários e estatísticos que irão auxiliar na análise dos
documentos. Ao todo, cerca de R$ 100 mil serão destinados ao projeto.
“Existe uma série de
demandas que precisam de suporte financeiro. Para a gente fazer uma pesquisa de
alta qualidade como a gente propõe, a gente precisa desses recursos”, explica o doutor em
farmacologia e coordenador da pesquisa, Gislei Frota.
Iniciada em janeiro
deste ano, a pesquisa se divide nas fases de levantamento das informações, que
está em andamento, e divulgação dos resultados, que deve ocorrer a partir de
agosto. O objetivo é levar as informações atualmente conhecidas sobre o uso da
substância, que é proveniente da maconha, no tratamento de TEA a postos de
saúde, escolas, universidades e demais locais públicos na Capital e no interior
do Estado.
O objetivo do grupo de
pesquisadores é de que, já em dezembro deste ano, os primeiros resultados da
pesquisa possam ser transformados em publicações acadêmicas e em conteúdo para
novas visitas educativas em municípios do Sertão Central e Inhamuns, Vale do
Curu e Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Para Gislei, um dos
diferenciais que garante a qualidade do conteúdo a ser levado para a população
é a abrangência obtida a partir do método de pesquisa escolhido, que fornece
informações sobre diferentes grupos sociais, casos e realidades no tratamento de
pacientes com o transtorno.
“Digamos assim: aqui
no Brasil tem um ensaio clínico de 100 pessoas. O poder estatístico de 100
pessoas é muito pequeno. Mas, nos Estados Unidos, tem três de 200 pessoas, na
Europa tem 20, na Austrália tem mais 10 trabalhos… então a gente junta esses
pequenos ensaios clínicos e é como se a gente fizesse um grande ensaio clínico
com todos eles. Um trabalho só é 100 pessoas, numa metanálise a gente consegue
agregar, às vezes, um milhão de pessoas”, explica o professor do curso de medicina da Uece.
Segundo pesquisa do
Centro de Prevenção de Transtornos e Doenças, órgão governamental dos Estados
Unidos, uma a cada 36 crianças no País foi identificada com transtorno do
espectro autista. No início dos anos 2000, o percentual era de uma a cada 150
pacientes.
Segundo o
farmacologista, o crescimento no número de diagnósticos pode ser atribuído a um
maior número de profissionais na área, melhor disseminação de informações sobre
o assunto, bem como inclusão de outras condições em quadros de TEA.
Ainda de acordo com o
levantamento, o transtorno é mais comum entre pessoas do sexo masculino, com
incidência quatro vezes maior entre meninos.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/07/2024. Cidades. p.17.
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