Foto de Sergio Poroger
A mostra "Uma
Rua Chamada Cinema" tem como foco expor em fotos a importância de
trabalhadores e salas de cinema ao redor do mundo e evidenciar seu papel para a
cultura
Quando relembramos
figuras importantes que contribuíram para a história do cinema cearense, com
certeza o nome de Seu Vavá é mencionado. Ele foi operador do
antigo Cine Familiar em Fortaleza e depois responsável por cuidar do Cine Nazaré, o último cinema de bairro de Fortaleza. Faleceu e deixou um legado significativo sobre da valorização do
cinema de rua e para a cultura.
E agora Seu Vavá ganhou
uma homenagem na exposição "Uma Rua Chamada Cinema”, no
Museu da Imagem e do Som (MIS) em São Paulo, produzida pelo fotógrafo Sergio
Poroger.
A mostra faz parte do
projeto “Maio Fotografia” e fica em exibição até o dia 21 de julho. Ela
apresenta 36 fotos de trabalhadores e salas de cinema ao redor do mundo,
projecionistas, vendedores de pipoca, bilheteiros e trocadores de letreiros.
Além de Seu Vavá, também evidencia o Cine Nazaré, com a exibição de
documentário realizado pelo O POVO.
Sergio Poroger revela
que a exposição é um longo projeto de pesquisa iniciado nos Estados Unidos, em
2017, com a premissa de descobrir quais locais seriam ideais para fotografar a indústria
do cinema refletido no dia-a-dia das pessoas. E assim conheceu a história de
Seu Vavá, a partir de um artigo publicado pelo O POVO.
“Com ajuda de uma amiga,
Julia Ionele, que escreveu um livro sobre o Cine Nazaré, conseguimos agendar um
ensaio fotográfico com Seu Vavá em seu cinema. Aprendi com essa história que
jamais devemos abrir mão de nossos sonhos”, conta o fotógrafo.
A ideia da exposição é unir
fotografia e cinema, inspirado por uma vivência que tinha na infância com seu
pai, que o levava para assistir filmes no centro de São Paulo. Em sua jornada
profissional passou por Estados Unidos, Holanda, Polônia e Argentina, que o
inspiraram a conhecer mais de perto esse universo.
“Senti desejo por uma
jornada visual, capturando fotografias de salas de cinema por vários países.
Não apenas os espaços físicos, mas também as pessoas que trabalham
incansavelmente nos bastidores para que um filme ganhe vida numa sala de
cinema, desde os bilheteiros até os projetistas, passando pelos vendedores de
pipoca. É, portanto, uma homenagem não apenas à arte do cinema, mas também aos
profissionais que tornam possível essa mágica”, expõe Poroger.
Para ele, a maior
motivação desse projeto é inserir uma mistura de nostalgia e tentativa de
preservação - nem que como registro - de uma experiência artística e urbana que
hoje, ao menos no Brasil, está sob ameaça. “Como cinema de rua e a
importância de sua preservação é universal, decidi levar essa bandeira para
diferentes partes do mundo”. pontua.
E continua revelando que
é crucial ficarmos atentos ao papel fundamental dos cinemas de rua na sociedade.
Com sua capacidade de ocupar espaços públicos com narrativas diversas, novas
linguagens e a consequente troca de conhecimentos e diálogos.
“O senso coletivo que o
cinema promove - aquela comunhão dentro da sala - cresce quando inserido no
espaço público, fora da clausura dos shoppings. Com a especulação imobiliária e
o crescimento da violência urbana, muitos cinemas foram fechados e houve,
simultaneamente, um declínio do número de público nas salas dos que restaram”,
expressa.
(*) A matéria não está assinada por jornalista de O Povo.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 28/05/24. Vida & Arte, p.3.
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