Por Pe. Eugênio
Pacelli SJ
(*)
Neste tempo Pascal somos convidados a "viver como
ressuscitado", nos deixar inspirar por Aquele que é vida em plenitude.
Somos convidados e convidadas a contemplarmos Jesus como o Bom Pastor.
No Antigo Testamento, a imagem do Pastor aparece com frequência.
O próprio Deus se compara a um Pastor, que guia, defende e alimenta o seu povo
(Sl 80). Num país árido, a presença do pastor era vital para a ovelha
sobreviver. O pastor passava o dia todo com ela e estabelecia profunda
identidade com ela.
Jesus afirma: "Eu sou o BOM PASTOR". O BOM PASTOR é
diferente dos outros, por duas razões: 1- Porque dá a vida pelas ovelhas que
ama. O mercenário no perigo abandona as ovelhas e foge. 2- Porque conhece suas
ovelhas e é conhecido por ela. Ele as chama pelo nome e elas o seguem. Jesus é
o Pastor que conhece e ama suas ovelhas de modo: Pessoal, incondicional e
eterno.
Ele é o verdadeiro pastor porque é pura transparência do Pai,
providente e cuidador, que não controla, não manipula, nem tolhe nossa
liberdade. Jesus, o Bom Pastor, é sinal do cuidado de Deus. Ele nos revela o
"Deus Cuidado", revela no seu modo de cuidar como o Pai cuida de cada
um de nós.
Jesus resgatou a centralidade do cuidado e da ternura para com
todas as manifestações da vida. Ele mostrou cuidado especial com os pobres, os
famintos, os discriminados e os doentes.
Ele nos confia a missão de sermos pastores e ovelhas uns dos
outros. Todos nós desempenhamos em nossa vida a missão de pastores ou ovelhas.
Pai e mãe são pastores de seus filhos: Protegem, orientam, conduzem e defendem.
Filhos são ovelhas de seus pais: Escutam, obedecem, e seguem o caminho do bom
Pastor. A única condição para pastorear o rebanho e apascentar as ovelhas é
apenas amar.
Como Cristo exerce a missão de Pastor? Ele aponta caminhos,
defende as suas ovelhas nos perigos, mantém uma relação pessoal com cada uma,
conhece os seus sofrimentos, sonhos e esperanças. Esse apelo de unidade de
Cristo nos pede zelo apostólico para cativar outras ovelhas que ainda não
descobriram o amor apaixonado do Bom Pastor, espírito de unidade que vença as
barreiras que nos separam. Ele não quer a Igreja dividida em rebanhos
separados. É um convite ao verdadeiro ecumenismo.
(*) Sacerdote jesuíta e mestre em Teologia. Escritor. Diretor do
Mosteiro dos Jesuítas de Baturité e do Polo Santo Inácio. Fundador do Movimento
Amare.
Fonte: O Povo, de 4/05/2024. Opinião. p.18.
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