Por Lauro Chaves Neto (*)
Os conflitos
geopolíticos são uma das marcas da evolução histórica da sociedade, uma
tragédia em termos humanos e sociais. As Guerras da Ucrânia e do Oriente
Médio possuem potencial de produzir impactos profundos e difusos.
A elevação da
inflação global, em termos econômicos, é um dos mais danosos dos impactos
previstos. A chance de uma estabilidade inflacionária de volta aos
níveis pré-pandemia é reduzida no cenário atual.
Quando as
diferenças geopolíticas extrapolam o campo diplomático, dificultam ou
danificam o uso das infraestruturas, desestruturam as cadeias de logística e
suprimentos impactando em toda a cadeia de abastecimento de insumos, bens e
serviços.
Rússia e Ucrânia
são dois dos principais produtores de commodities do mundo e, desde o
início da guerra entre eles, houve uma escalada no preço das mesmas, o que
impactou tanto os exportadores como os importadores.
Se na pandemia
foi aceso o sinal de alerta para os países não dependerem da importação
de insumos e tecnologia para a saúde, os conflitos geopolíticos trouxeram
reflexões no mesmo sentido para a segurança energética e alimentar.
As estratégias
organizacionais passaram a focar muito mais na segurança e na resiliência das
cadeias de suprimentos e logística do que a visão tradicional de
eficiência e redução de custos, algo na mesma direção da abordagem sobre as
cadeias de valor da economia da saúde pós pandemia.
Diante do
exposto, existe uma crescente incerteza sobre o cenário geopolítico
global e o acesso às cadeias globais de valor e logística, aos mercados
financeiros internacionais e os seus impactos na política monetária.
Após recente
política monetária, principalmente devido as restrições de oferta e as suas
consequências inflacionárias, os bancos centrais vão encarar o desafio
de retomar a estabilidade monetária, condição necessária, porém não suficiente,
para o desenvolvimento econômico.
Em um contexto de
políticas fiscais expansionistas, com déficit e endividamento públicos
crescentes, existirá maios pressão sobre o patamar das taxas de juros e,
provavelmente, um debate sobre a elevação das metas de inflação.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 27/05/24. Opinião. p.18.
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