Por Tales de Sá
Cavalcante (*)
Na
pandemia, os decretos exigentes, porém úteis, trazem vários impedimentos,
contudo jamais nos privarão do direito ao sonho. E devemos sonhar alto, pois nunca realizaremos
mais do que sonhamos.
Ah,
se pudéssemos estar na praia, mesmo que não estivéssemos a degustar caranguejo
e cerveja gelada, mas cercados de muita gente e sob as bênçãos do deus Sol!
Ah,
se neste domingo pudéssemos, embora a torcer em oposição, estar juntos, a gritar e vibrar nas arquibancadas
como protagonistas de um espetáculo tão belo quanto o próprio futebol!
Ah,
se aquele casal de jovens apaixonados pudesse, hoje mesmo, jurar amor recíproco
eterno e iniciar o namoro no escurinho do cinema lotado!
Ah,
se a energia da juventude obtivesse permissão para extravasar sua jovialidade
nas baladas a sentir o melhor dos perfumes: cheiro de povo, porque gente gosta
de gente!
E
assim poderia se repetir um magnífico encontro como o da cearense Natasha com o
mineiro Leonardo, que se conheceram há 15 anos em Ibiza, numa boate onde havia
4000 pessoas. Tal encontro gerou um casamento e ainda 3 netos a Sheila e
Walfrido dos Mares Guia e Sandra e Fábio Machado.
Ah,
se pudéssemos comemorar a maravilhosa vida, ao nos abraçarmos e
encontrarmos amigos, familiares, colegas de escola e de trabalho!
Ah,
se já estivessem vacinados todos os brasileiros!
Após
o sacrifício que não é meu, nem seu, nem dele ou dela, senão nosso, este dia
chegará, porém não esperemos por sua vinda para sermos felizes, pois a
felicidade é feita por nós próprios.
Johann
Sebastian Bach estava muito longe, mas Vinicius buscou-o ao criar uma versão à
melodia "Jesus, Alegria dos Homens" (final de "Herz und Mund und
Tat und Leben"), e surgiu "Rancho das Flores".
Mais
tarde, o grande Fagner, a independer de distâncias e dimensões,
trouxe-os ao nos conceder uma sublime interpretação (assista em bit.ly/fagflores).
Que,
em maus momentos, transportemos à nossa mente nossos Bach, Vinicius,
Fagner, o eleito ou a eleita e, ao trazermos também Geraldo Vandré a fazer da
flor o mais forte refrão, possamos dizer: "Vem, vamos embora, que esperar
não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer."
(*) Reitor do FB
UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Membro da Academia
Cearense de Letras.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 8/4/21. Opinião, p.22.
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