Por Marcelo Alcântara Holanda (*)
Convido o leitor
a sonhar acordado o fim do pesadelo pandêmico. Acreditem, ele terminou em parte
para os mais de 250 mil profissionais de saúde que receberam as duas
doses da
Coronavac no estado do Ceará.
Neste grupo não houve segunda onda, nem precisa
haver uma terceira ou quarta. Sim, a solução passa pelas picadas indolores e
gentis de
ciência nos nossos braços.
Todos testemunhamos a omissão do governo federal
nessa área e o imenso custo social envolvido. Ainda acordo todos os dias
sobressaltado checando o estado de saúde dos meus pacientes, amigos e
familiares no celular, sem paz.
Mas algo tem dado certo. Ainda bem, somos uma
federação. O PR nega a pandemia e aposta até hoje, em cloroquina e
outras drogas usadas precocemente como se médico e sanitarista fosse. Tem apoio
entre parte da classe médica e da população, algo impressionante e desolador.
Por outro lado, há governadores e prefeitos
antenados à realidade e à ciência conduzindo o enfrentamento à Covid-19 de modo
responsável.
No Ceará, avançamos em números de leitos de UTI e de
hospitais em todas as regiões, em disponibilidade de ventiladores mecânicos, em
inovação (IntegraSUS e o capacete Elmo como
exemplos) e no esforço de vacinação.
Temos reduzido a taxa de letalidade e aplicado de
forma equitativa as doses de vacinas enviadas a conta-gotas. Temos publicado
artigos científicos de peso, compreendido o papel da imunização na Pandemia, e
sabemos o que e como fazer para reduzirmos o impacto social da pandemia.
Falta-nos a política federal, o poder central, a
liderança nacional sábia, cordial, técnica, agregadora, capaz de unificar o
país.
O Brasil caminha célere para o vexaminoso título de pior
país do mundo no enfrentamento à pandemia. Dá pra virar o jogo.
Precisamos parar de acreditar em falsos mitos. Trazer a
razão de volta ao centro dos debates, banir a truculência das crenças e
pregações descabidas que impedem qualquer diálogo construtivo.
É hora de sonharmos com um Brasil e um mundo livres
da atual pandemia e mais preparados para lidarmos com as inevitáveis que virão.
Respeitando as leis e a constituição temos que
remover o atraso que está no poder e delinear novos rumos com base
em ciência, tecnologia, inovação e solidariedade num novo pacto social. Não no
futuro, mas agora, hoje, já!
(*) Médico. Professor da UFC.
Superintendente da Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins
Rodrigues.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/04/2021. Opinião. p.17.
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