Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
Eis o início histórico de um plano. Há quase 43 anos, em outubro de
1978, fui convidado pelo então senador Virgilio Távora para coordenar a
elaboração do II Plano de Metas Governamentais (II Plameg), uma vez que ele
iria assumir, pela segunda vez, o Governo do Estado do Ceará, em 15 de março de
1979. Minha indicação ao senador foi feita pelo professor Mário Henrique
Simonsen e a apresentação ocorreu no gabinete do então presidente Nilson Holanda,
do Banco do Nordeste do Brasil, onde eu chefiava a Coordenadoria de
Planejamento Integrado daquela Instituição de desenvolvimento. A apresentação
foi formal e rápida. O convite foi feito e aceito. Passaram-se alguns segundos
de silêncio. Em seguida, querendo demonstrar conhecimento, esperando que
ocorresse um debate sobre as condições socioeconômicas do Estado do Ceará,
perguntei ao experiente e competente político quais os principais objetivos e
prioridades do seu futuro governo. Olhou para mim de forma séria, sem esboçar
qualquer sorriso, e disse, com sua voz característica e em mensagem
telegráfica: “São três: emprego, emprego e
emprego”. Continuou: “Alguma dúvida, procure-me nos telefones cujos números
estão neste papel. Obrigado. Boa sorte.” Nosso
primeiro encontro não durou cinco minutos. Fiquei preocupado. No entanto, disse
comigo mesmo: Vou mostrar que farei um bom trabalho. Convidei técnicos,
professores e especialistas do próprio Estado, da UFC e do BNB. Começamos o
trabalho e, em nenhum momento, o futuro governador VT (como era chamado) deixou
de participar das fases decisivas da elaboração do II Plameg. Era, além de
excelente político e técnico, um homem de boa formação intelectual. Realmente,
o “emprego” foi objetivo básico de seu governo. As ações de interiorização do
desenvolvimento bem como a consolidação do polo industrial de Fortaleza,
permitiram, em termos relativos, o maior índice emprego/população
economicamente ativa alcançado até hoje no Ceará. Estas palavras mostram a
larga visão de VT, pois conseguir postos de trabalho tem sido um desafio
crescente não só para o Estado do Ceará, mas principalmente para o Brasil.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC.
Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 28/5/2021.
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