A
jornalista Natuza Nery escreveu no jornal A Folha de São Paulo online,
em 2013, que Sra. Dilma Rousseff, quando no exercício da presidência, não
tolerava “turbulências – nem as corriqueiras agitações da política nacional nem
as literais: ela detesta quando o avião presidencial sacode em pleno ar”.
Foi
por medo do balanço que a ex-presidente se habituou a conferir, pessoalmente, o
plano de voo antes da decolagem, como se fosse um controlador de tráfego aéreo.
Ela
examinava as cartas meteorológicas e insistia em tentar apreender os dados do
painel da cabine do piloto, enigmáticos e complexos para qualquer não iniciado.
Comumente,
a mais de mil metros de altura, Dilma exibia nos ares o seu estilo autoritário
de chefia em terra, dirigindo-se ao tenente-brigadeiro do ar e comandante do
avião presidencial da Força Aérea Brasileira (FAB), com sentenças
admoestadoras, tão próprias da sua conhecida arrogância:
– Por que o
avião está sacudindo?
– Que curva é essa?
– Eu não quero
ir mais rápido se for para passar por turbulência.
Quando
o Airbus balançava, Dilma acionava o estrelado militar por um botão situado ao
lado de sua poltrona. Na dependência da trepidação, a campainha tocava com
muito vigor.
Uma
vez, ela viajava de Brasília a Porto Alegre quando um detalhe intrigante
despertou a atenção de uma acompanhante. Ao invés de uma linha reta, a
trajetória da aeronave descrita no gráfico revelava um zigue-zague porque a
presidente insistiu para que o piloto fugisse de qualquer zona capaz de
produzir turbulência.
Os
deslocamentos aéreos da presidente Dilma costumavam demorar mais do que os voos
comerciais. Certa vez, o desvio foi tão “aloprado” que o “Aerolula” fez a
“curva” em Mato Grosso antes de aterrissar em Brasília.
Nas
companhias privadas, as nuvens densas não representam uma barreira. De acordo
com os especialistas da aviação, balançar em grandes altitudes é ruim porque
incomoda, mas não por ser inseguro. Além do mais, prosseguir em linha reta
costuma ser mais rápido e mais barato.
Para
poupar o erário dos gastos extras decorrentes dos caprichos presidenciais,
seria o caso de instituir um parceiro, altivo e de confiança, com quem ela
pudesse cantarolar versos da imortal canção de Belchior:
“Foi por medo de
avião que eu segurei pela primeira vez na sua mão”.
Fonte: Natuza Nery. In: Folha
de São Paulo/montedo.com
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Ex-Presidente da Sobrames-Ceará
* Publicado In: SILVA, M. G. C. da (Org.). Fora de forma! Médicos contam causos da caserna. Fortaleza: Expressão, 2020. 128p. p.70-72.
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