Focinheira
Se
o amigo pensa que aqui se trata da “Correia que se põe no focinho de animais,
especialmente os cães, para impedi-los de morder ou comer”, ó o dedim! Nesses
tempos atuleimados de pandemia, focinheira ganhou um sentido que só a mundiça
aqui de nós seria capaz de registrar. Pra falar de focinheira, contudo,
será preciso dedicar alguns parágrafos ao focinho e ao FUCIM. No bodejado cearense, FUCIM ganha conceito quase diverso de
focinho, algo menor. Senão vejamos.
No
dicionário valendo (oficial – coisa da academia), focinho é a “parte saliente e
anterior da cabeça de alguns animais formada pelas ventas, boca e queixo; o
rosto do homem”. Em cearês castiço, pra começo de conversa, deixamos de lado o
focinho e adotamos o FUCIM, que compreende a taba do quêxo; o pau da venta com
buraco, cabelo e tudo; e a cancela da boca, aí incluídos os beiços e
adjacências. FUCIM que é pra pantim, guaxinim, pirrototim, bacurim...
Viajando
na questão – e por extensão, meter o FUCIM equivalerá a ser abiúdo (abelhudo),
se intrometer nas coisas, penetrar nos prolegômenos apologéticos. Nesse
particular, oportuno se faz trazer à baila um inseto demais invocado da nossa
pacífica Mata Atlântica – o “bisôro mangangá”. Mangangá é aquele besourão
medonho “de abdome largo e piloso, de coloração negra e amarela, mede cerca de
30mm de comprimento”. A ferroada do cão dum inseto desses dói que feito a
peste. No “mole do FUCIM” dum cachorro, então, endoida o póbi.
E
um cristão com “cara de cachorro mijando na chuva”, o que tem a ver com a essa
conversa aparentemente “disapulumada”? Tudo, e mais uma coisinha! O cara de cachorro
urinando no sereno é o caba encalistrado, envergonhado, todo errado, sem saber
onde botar o FUCIM. Adere, ao demais, com fuçar, ou seja, fossar: revolver (a
terra) com o FUCIM ou a fuça; remexer, futricar, escacaviar; sondar,
investigar. E meter a paiêta (palheta)? É meter a colher, meter o canudo, meter
o FUCIM. E o termo "imprial", o que vem a ser? Igual, assemelhado,
taliqual, cagado e cuspido, que nem, a cara dum é o FUCIM do outro, “mesmo que
tá vendo”.
E o
que tem a ver com as calças?
Uma
neta da minha amiga dona Mirian ia saindo de casa sem a máscara (“objeto de
diferentes formatos que cobre o rosto”), essa aliada de peso na prevenção ao
novo coronavírus, quando ouviu foi o grito da avó:
-
Sâmia!!! Tu quererá morrer, nó cego?
- Beisso, vó?
-
Quedê a fucinhêra?
- O que, vó?
-
A "mascára", doidinha do pão!?!
Os EUA
e as reações no Planeta
O
que aconteceu nesse dia 6 de janeiro de 2021 no Capitólio foi deveras único.
Razão por que destaco dois aspectos que chamaram a atenção do povo aqui de nós,
ante o inusitado das cenas lamentativas exibidas pela TV. Papelão! Ainda estou
sem acreditar no que vi e ouvi. Que queixas eu tenho? Ei-las:
1
– O grito de desagrado que disparou o vizinho de um tio meu no Henrique Jorge,
que, embasbacado com o que viu, disparou: “Queima, raparigal!!!”
2
– E o nó que deu na cabeça de dona Mercedes, na Itaoca, ao ver um louro à força
de chifre fazendo "imbuança", enchendo a senhora de dúvidas: “E foi
no Zé Walter, isso?”
Fonte: O POVO, de 8/1/2021. Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos. p.2.
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